Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

IMPACTO DAS MUTAÇÕES JAK2V617F NO PROGNÓSTICO E TRATAMENTO DA POLICITEMIA VERA - REVISÃO DE LITERATURA

  • IGD Jorge,
  • LP Amorim,
  • PE Oliveira,
  • JLL Pinheiro,
  • ES Alvarenga,
  • KLS Ribeiro,
  • GM Almeida,
  • CAB Neto,
  • FC Marques,
  • CDC Gentile

Journal volume & issue
Vol. 46
p. S1135

Abstract

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Introdução/objetivos: A policitemia vera (PV) é uma doença mieloproliferativa crônica que afeta principalmente indivíduos idosos e é caracterizada pela proliferação independente de citocinas de precursores mielóides, afetando principalmente a linhagem eritróide e levando ao acúmulo excessivo de eritrócitos no sangue periférico. Muitos pacientes também apresentam granulócitos e plaquetas circulantes aumentados. A presença da mutação JAK2V617F é encontrada em aproximadamente 95% dos pacientes com PV e está associada a várias características clínicas e complicações da doença. Tal mutação, localizada no gene JAK2 no cromossomo 9 (banda p24), envolve a substituição de valina por fenilalanina na posição 617 da proteína JAK2. Essa alteração leva à ativação constante da proteína e está associada a neoplasias mieloproliferativas como policitemia vera, trombocitemia essencial e mielofibrose primária. Este estudo tem como objetivo revisar a literatura sobre o impacto das mutações JAK2V617F no prognóstico e tratamento da PV, destacando sua relevância clínica e terapêutica. Material e métodos: Esta revisão integrativa realizada em junho de 2024, incluiu uma busca nas bases PUBMED e Cochrane Library usando os descritores “polycythemia vera”, “JAK2”, “prognosis” e “treatment”“. Foram considerados artigos completos, gratuitos, em inglês, publicados entre 2004 e 2024. A pergunta orientadora foi: “Qual o impacto das mutações JAK2V617F no prognóstico e tratamento da policitemia vera? ”. Artigos fora do escopo, duplicatas, revisões simples, relatos de casos foram excluídos. Dos 28 artigos encontrados, 6 preenchiam os critérios de inclusão e foram selecionados para essa revisão. Resultados: A carga alélica da mutação (VAF) JAK2V617F é crucial para a PV, pois seus altos níveis aumentam o risco de trombose, mielofibrose e leucemia mieloide aguda. Outras mutações, como SRSF2, IDH2 e U2AF1, podem piorar o prognóstico. A terapia inicial para PV é flebotomia e aspirina, com hidroxiuréia e interferon peguilado para casos graves, e busulfan e ruxolitinib como alternativas. A hidroxiuréia controla bem a doença sem aumentar o risco de leucemia. A redução de JAK2V617F não indica modificação da doença, a menos que haja remissão citogenética e morfológica. Discussão: Os achados sugerem que a mutação JAK2V617F é crucial para o prognóstico e manejo da PV. A VAF dessa mutação é um fator chave nos desfechos clínicos, com seus altos níveis associados a um maior risco de complicações e morte, especialmente quando combinados com uma elevada contagem de leucócitos no diagnóstico. Outras mutações podem piorar o prognóstico, destacando a importância do monitoramento contínuo e manejo agressivo. Tal mutação está também ligada a eventos de recombinação mitótica e células homozigotas, afetando a dinâmica clonal e a gravidade da doença. Atualmente, as terapias para PV focam na prevenção de eventos trombóticos e na manutenção de contagens hematológicas seguras. A redução da carga alélica de JAK2V617F não é um indicador confiável de modificação da doença, mas sua diminuição está associada a melhores desfechos, incluindo menor risco de trombose e progressão da doença. Conclusão: A mutação JAK2V617F é um marcador importante na PV, influenciando diretamente o prognóstico e as estratégias de tratamento. A revisão da literatura destaca a importância de abordagens terapêuticas individualizadas baseadas na carga alélica de JAK2V617F e outras mutações concomitantes para otimizar os resultados clínicos e reduzir o risco de complicações graves.