Psicologia USP (Jan 2000)

Leitura e diagnóstico do sintoma orgânico

  • Eisenbruch Renata Volich

Journal volume & issue
Vol. 11, no. 1
pp. 137 – 153

Abstract

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A psicanálise sublinha a subjetividade do corpo, dos afetos que o habitam, particularmente a angústia. Angústia enquanto afeto que participa das flutuações do nosso corpo. Afeto que mobiliza o corpo. O diagnóstico de certas patologias orgânicas não se faz pelo scanner mas pelo discurso. Referir-se à linguagem ao tratar da psicopatologia e do tratamento psicanalítico é essencial pois o sintoma não é indiferente ao discurso, o sintoma pode ser abordado pelo discurso. Se escolhermos falar do corpo que é atingido pela patologia orgânica nos reportamos ao fato que o corpo vivente não existe sem as incidências do inconsciente sobre ele. Isso nos conduz não somente às coordenadas do gozo do corpo mas também do desejo inconsciente enquanto vetor que parte do Outro materno e pode irromper no real do corpo da criança. A patologia da criança nos permite verificar o que está em questão no infantil. O sintoma é também o elemento que para cada ser, na sua singularidade, se subtrai da homeostase que o simbólico pode oferecer. O mistério da doença orgânica indica que o modelo resultante da estatística, como demonstram manuais de diagnóstico, é um certo resultado de cálculos do qual os indivíduos que encontramos numa clínica psicanalitica se afastam. É nisso que consiste sua subjetividade. A infelicidade estatística de cada patologia nunca fornece a soma das tragédias individuais.

Keywords