Revista Brasileira de Epidemiologia (Apr 1998)
The relationship between the use of primary health care and infant health status at 12 months in a Brazilian community A relação entre a utilização de serviços de atenção primária à saúde e o nível de saúde de crianças de um ano de idade no Município de Campinas, São Paulo
Abstract
The Brazilian government has been implementing health care policies that emphasize primary health care since 1988. Yet, to date, no study has examined the effects of the policies on children. A cohort study assessed the effects of primary care on the health status of 85 twelve-month-old infants residing in a neighborhood of São Paulo. Infants were classified as "healthy" if they had been ill no more than three times during the first year, or "ill" if they had been ill at least four times. Primary pediatric care was considered either "continuous" or "fragmented". Continuous care was defined as starting care in the first month after birth and following the guidelines of the Health Secretariat of the City as to the number and interval of medical appointments. Otherwise, the infant was defined as receiving fragmented care. Forty percent of infants were classified as ill, and 89.4% were classified as receiving fragmented care. A bivariate analysis showed an association between fragmented care and illness (p=0.003). After adjusting for other variables, health status was predicted by maternal age and number of persons per room. The results show a relationship between low socio-economic status, inadequate access to care, and illness. The transition towards an equitable primary care system in Brazil is slow and challenging.Com a aprovação da nova Constituição Brasileira, em 1988, o país vem implementando políticas e práticas de atenção à saúde que reforçam o papel das Unidades Básicas como porta de entrada ao Sistema de Saúde. Todavia, até o momento nenhum estudo sobre a avaliação destas políticas e práticas sobre o estado de saúde de crianças foi realizado. Assim, estudo tipo coorte foi desenvolvido com o objetivo de avaliar os efeitos da atenção pediátrica no estado de saúde de 85 crianças, menores de 1 ano de idade, residentes no Município de Campinas, Estado de São Paulo. As crianças foram classificadas em "sadias", se não apresentassem mais do que 3 doenças durante o primeiro ano de vida, ou "doentes", caso apresentassem 4 ou mais doenças durante o ano. A atenção pediátrica foi considerada "contínua", se a criança iniciasse a puericultura no primeiro mês de vida e apresentasse número e espaçamento de consultas de acordo com a recomendação da Secretaria Municipal de Saúde, ou "fragmentada", caso contrário. Quarenta por cento das crianças foram classificadas como doentes e 89,4% recebiam atenção fragmentada. Associa-ção entre atenção fragmentada e doença foi positiva (p=0,003) conforme análise bivariada. Após o ajuste das demais variáveis estudadas por regressão logística, a idade materna e a concentração de pessoas por quarto foram os melhores preditores do estado de saúde. Observa-se, ainda, relação entre baixo nível socioeconômico, acesso inadequado aos serviços de saúde e doença. Conclui-se que a transição para um modelo de saúde baseado na eqüidade e na justiça social ainda é lenta e difícil.
Keywords