Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
MIELOFIBROSE: PANORAMA BRASILEIRO ENTRE 2018 E 2022
Abstract
Introdução: A Mielofibrose é um câncer que afeta a medula óssea, do grupo das doenças mieloproliferativas crônicas. Pode se manifestar de duas formas: primária, quando não existe uma causa conhecida, e secundária, quando decorre de outras condições como trombocitemia essencial (TE) ou policitemia vera (PV), que também fazem parte desse grupo de doenças. Objetivo: O objetivo do estudo foi produzir uma análise descritiva sociodemográfica dos pacientes atendidos pela Mielofibrose no SUS, quanto às suas internações, procedimentos ambulatoriais e locais de atendimento, além de óbitos pelo agravo no Brasil no período de 2018 a 2022. Metodologia: Dados públicos do Datasus foram utilizados, abrangendo internações hospitalares, procedimentos de alta complexidade para quimioterapia, produção ambulatorial e mortalidade para os CIDs C94.5 para Mielofibrose Aguda e D47.1 para Doença Mieloproliferativa Crônica. As variáveis analisadas incluíram sexo, faixa etária, raça/cor, município de residência e tratamento, local do procedimento/internação, custo, tipo de procedimento, ano de diagnóstico e óbito. A organização e análise dos dados foram realizadas com Microsoft Excel e Power BI. Resultados: Entre 2018 e 2022, houve 2.957 internações para Mielofibrose, majoritariamente de homens (54,8%), com a maioria dos pacientes sendo brancos (51,6%) e na faixa etária de 60-69 anos (27,7%). A maioria das internações ocorreu em municípios diferentes dos de residência (71,2%). São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro foram os estados com mais internações. O custo médio por internação foi R$ 4.218,82. Já em se tratando de quimioterapia, foram registrados 9.346 pacientes e 204.431 procedimentos, sendo a quimioterapia de 1ª linha o mais realizado. Mulheres representaram 54,5% dos pacientes, com a faixa etária de 60-69 anos predominante (31,8%). São Paulo liderou em número de pacientes e procedimentos. O custo médio por procedimento foi R$ 339,87. No âmbito ambulatorial, estimou-se 5.912 pacientes em 230.306 procedimentos realizado, com São Paulo novamente liderando em números (77.278). Mulheres e homens foram quase igualmente afetados, com a faixa etária de 60-69 anos novamente mais prevalente. A maioria dos pacientes realizou procedimentos fora de seu município de residência. Já para mortalidade, houve 1.556 óbitos por Mielofibrose no período estudado, predominantemente entre homens (54,8%) e pacientes de 70-79 anos (31,1%). São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro registraram juntos mais de 50% dos óbitos. Discussão e conclusão: A Mielofibrose é uma doença complexa, afetando principalmente idosos, e impactando significativamente a qualidade de vida. Diagnóstico precoce e tratamento adequado são essenciais, e o apoio contínuo de profissionais de saúde, familiares e comunidade é crucial para enfrentar os desafios físicos e emocionais da vivência com a doença. Por se tratar de uma doença rara, com baixa incidência e limitada produção acadêmica, é necessário que cada vez mais estudos sejam realizados para entender os pacientes e embasar políticas públicas para melhorar seu diagnóstico e tratamento no Brasil.