Cadernos de Saúde Pública (Sep 1999)
Perfil demográfico e sócio-econômico da população de internos dos hospitais psiquiátricos da cidade do Rio de Janeiro Demographic and socioeconomic characteristics of patients from psychiatric hospitals in the city of Rio de Janeiro
Abstract
O perfil dos pacientes internados em hospitais psiquiátricos, embora fundamental para implementação de mudanças na política assistencial, nem sempre é conhecido. Realizou-se um censo dos pacientes nos vinte hospitais psiquiátricos do Rio de Janeiro. Neste artigo, são apresentadas as características demográficas e sócio-econômicas dos 3.223 pacientes (66,0% homens; 52,6% com idade inferior a 40 anos) em 24 de outubro de 1995. Dentre estes, 73,8% não haviam completado o 1º grau e 25,5% eram analfabetos; 71,6% dos homens e 61,1% das mulheres eram solteiros. Homens e mulheres eram divorciados/separados em igual proporção (13%). À época da primeira internação 43,1% dos pacientes tinham atividade laborativa remunerada. Porém, no momento do censo, apenas metade mantinha essas atividades. Cerca de 50% dos pacientes não recebia visitas ou estas eram esporádicas. Esse dado, juntamente com os fatos de 37,4% estarem internados há mais de um ano e de 65,1% não saírem de licença do hospital, caracteriza uma situação de isolamento. Os resultados do censo são discutidos tendo com base em dados epidemiológicos, e hipóteses são formuladas para explicar alguns desses achados.Knowledge on the characteristics of patients admitted to psychiatric hospitals is essential to adequate care, yet such information is not always available. A survey was conducted on patients in the 20 psychiatric hospitals in the city of Rio de Janeiro, Brazil. This paper presents demographic and socioeconomic data on the study population: 3223 persons (66.0% male; 52.6% under 40) on October 24, 1995. 73.8% had not finished elementary school; 25.5% were illiterate. 71.6% of the males and 61.1% of the females were single. Both groups had the same divorce percentage (13%). 43.1% of patients had jobs at the time of first admission, but only half had kept them by the time of this survey. Some 50% of the patients only received visits at extended intervals or not at all. This finding, plus the fact that 37.4% had been hospitalized for more than one year and 65.1% did not leave the hospital during holidays or weekends, provides a picture of their social isolation. The findings are discussed based on epidemiological data, and hypotheses are suggested to explain some of the results.
Keywords