Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Nov 2024)
Avaliação da qualidade de vida: comparação entre idosos institucionalizados, hospitalizados e residentes na comunidade
Abstract
Introdução: Os idosos representam uma população heterogênea, em que há predomínio de doenças crônico-degenerativas com diferentes impactos sobre a qualidade de vida (QV). Tratar pessoas com características singulares exige competências, preparo e capacitação específica das equipes profissionais para atender estes indivíduos nos diversos níveis de atenção, seja atenção primária a saúde, instituições de longa permanência para idosos ou hospitais especializados. Assim sendo, a preocupação em proporcionar um envelhecimento digno e com QV tornou-se um pensamento constante entre gestores e profissionais da saúde. Objetivo: Avaliar e comparar a QV de idosos atendidos por diferentes instituições de cuidado. Métodos: Pesquisa quantitativa, com propósito descritivo, analítico e corte-transversal. A QV foi avaliada em três grupos de idosos atendidos em diferentes instituições, sendo elas o G1 - Unidade Básica de Saúde (UBS), G2 - Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) e G3 - hospital especializado. Tal avaliação foi realizada através dos instrumentos desenvolvidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) denominado WHOQOL-Bref, que avalia QV geral, e WHOQOL-Old, para QV específica do idoso. Os grupos foram comparados entre si por meio de ANOVA e Kruskal-Wallis. Os instrumentos foram aplicados mediante entrevista face-a-face, no período de janeiro a agosto de 2016. As análises estatísticas foram realizadas com o software Statistica®, versão 10. Resultados: Participaram do estudo 282 idosos, sendo 94 em cada grupo. Nos grupos G1 e G2 houve predomínio do sexo feminino, sendo a idade média dos participantes 79,01 (DP±7,64) e 83,36 (DP±7,75) anos, respectivamente. Já no G3, a idade média foi de 78,72 (DP±7,16) anos, com um maior número de representantes do sexo masculino (53,19%). A média do escore do WHOQOL-Bref foi 67,58 para o G2, 51 para G3 e 119 para o G1. Quanto aos valores obtidos pelo WHOQOL-Old, a média foi 54,32 para G2, 50,12 para G3 e 104,38 para G1. Calculou-se, também, a soma dos escores, denominada de QV-total, sendo estes 121,9 para o G1, 103,25 para o G2 e 224 para o G3. Ao compararmos entre si os grupos, obtemos os valores de p<0,01 para os escores do WHOQOL-Bref, p = 0,03 para WHOQOL-Old e p<0,01 para QVTotal. Conclusão: Os resultados mostraram diferença estatisticamente significativa entre todos os grupos. O menor valor foi entre idosos hospitalizados, que relacionaram os baixos escores à falta de autonomia para a realização de atividades diárias dentro da instituição. A maior média foi observada entre os residentes em comunidade e corresponde a, aproximadamente, o dobro da observada em institucionalizados. Estes achados indicam que estar inserido no contexto da comunidade e amparado diretamente por amigos e familiares aumenta a assimilação de uma melhor QV e, por sua vez, a eficácia do cuidado.