Finisterra - Revista Portuguesa de Geografia (Apr 2021)

Comunidades vegetais dos salgados no Namibe (sudoeste de Angola)

  • João Francisco Cardoso,
  • José Carlos Costa,
  • Carlos Neto,
  • Maria Cristina Duarte,
  • Tiago Monteiro-Henriques

DOI
https://doi.org/10.18055/Finis20156
Journal volume & issue
Vol. 56, no. 116(AOP)

Abstract

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Este trabalho constitui a primeira análise fitossociológica de sapais da costa angolana. Sessenta e cinco inventários foram realizados resultando na descrição de seis novas associações de plantas. Estes sapais são caracterizados por uma menor riqueza florística quando comparadas aos sapais holárticos. Dezoito táxons foram identificados, alguns deles suculentos. Os sapais ocorrem desde a foz do rio Cunene até ao rio Cuanza, embora nesta última parte já estejam muito empobrecidos. No rio Cuanza, os sapais ocupam apenas uma faixa estreita no setor interno dos mangais em contato com os ecossistemas continentais e geralmente são constituídos por um único táxon, Sarcocornia natalensis subsp. affinis. Os mangais atingem o seu limite sul na cidade de Lobito, embora estejam quase extintos. A ocorrência e distribuição dos sapais são afetados pela Corrente Fria de Benguela, que influencia a costa oeste da África entre o Cabo da Boa Esperança e Benguela. A altura das plataformas do sapal colonizadas por plantas halófitas, subhalófitas ou halotolerantes determina o período de inundação e, portanto, a composição florística das comunidades vegetais. A granulometria do solo também desempenha um papel importante na organização espacial das comunidades de plantas. Uma das principais originalidades dos sapais angolanos é o predomínio de solos de textura arenosa fina ou franco-arenosa, em consequência da proximidade com o deserto do Namibe. A ACP segregou as diferentes comunidades de plantas descritas.