Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)
EP-205 - RACIONALIZAÇÃO DE ANTIMICROBIANOS E AS MUDANÇAS NO PERFIL DO ESCALONAMENTO. AVALIAÇÃO DE 8 ANOS EM HOSPITAL TERCIÁRIO.
Abstract
Introdução: O Programa de Racionalização de Antimicrobianos (PRA) tem a finalidade de combater infecções de forma responsável, minimizando a ocorrência de resistências bacterianas. Objetivo: Avaliar a evolução das solicitações de antimicrobianos no PRA do Hospital Heliópolis durante período de oito anos. Método: Estudo observacional, transversal e retrospectivo com dados de janeiro de 2016 a dezembro de 2023. São controlados: anidulafungina, linezolida, polimixina B, ampicilina-sulbactam, cefepima, meropenem, tigeciclina, daptomicina, piperacilina-tazobactam (PipT) e vancomicina. Resultados: Houve redução de 25% na solicitação anual de antimicrobianos entre 2016 e 2023. Apesar disso, notou-se até 60% de acréscimo em inadequações de solicitações no ano de maior pico (2022). A PipT tornou-se o antimicrobiano mais prescrito (média: 29.8%) em detrimento à cefepima. PipT teve aumento em sua prescrição de 47%. Pneumonia hospitalar (PH) é a principal causa de IRAS em pacientes com necessidade de antimicrobianos controlados (27.51%) e as unidades críticas respondem por 53.8% das prescrições. Prescrições de antimicrobianos de amplo espectro tais como ceftazidima avibactam, polimixina B e ampicilina sulbactam (dose alta) não demonstraram aumento significativo. Conclusão: A implantação de visitas clínicas nas unidades críticas com objetivo de treinamento no período explica a melhoria do número de solicitações.A principal causa de inadequações ainda é a prescrição em dose errada, e esforços ainda devem ser adaptados para avaliação inicial farmacêutica e prescrições eletrônicas com protocolos de ajustes de dose. O perfil preponderante de prescrição com mudança de uma cefalosporina de quarta geração para PipT confirma a necessidade de manter o controle deste antimicrobiano, indicado apenas para infecções específicas do ambiente hospitalar. A pandemia pelo SARS-COV aumentou internações em unidades críticas e a cronicidade de pacientes em ventilação mecânica aumentou a número de bactérias com perfil hospitalar, que pode ter tido impacto no perfil do antimicrobiano mais comumente prescrito. Apesar de trabalhosos e com aspectos passíveis de falhas, os programas de racionalização de antimicrobianos ainda são essenciais no controle da dispensação, impactando diretamente na resistência e qualidade da prescrição. A visão em hospitais terciários deve ser mais agressiva no controle, exatamente pelo maior risco de seleção de bactérias multirresistentes.