Revista de História (Jun 2010)

Projetos políticos nas interpretações do Brasil da primeira metade do século XX

  • Maria Stella Bresciani

DOI
https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.v0ispep187-214
Journal volume & issue
no. spe

Abstract

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Embora apoiados nos pressupostos analíticos diferentes, Paulo Prado (Retrato do Brasil, 1928), Sérgio Buarque de Holanda (Raízes do Brasil, 1936), Gilberto Freyre (Casa Grande & Senzala, 1933) e Caio Prado Junior (Evolução Política do Brasil, 1934), entre muitos outros estudiosos da primeira metade do século XX, chegaram a leituras da sociedade brasileira em grande parte coincidentes com a de Francisco de Oliveira Vianna exposta no volume I de Populações meridionais do Brasil (1920), O idealismo na evolução política do Império e da República (1922), e outros escritos seus. Os autores partem do mesmo pressuposto: a incompatibilidade entre instituições, pensamentos e idéias liberais, - proposições consideradas avançadas por terem sido formuladas em países "mais civilizados"-, e a situação, ou a "realidade brasileira", adjetivada de atrasada, patriarcal, patrimonial, semifeudal, por nela inexistir a figura política do cidadão, imprenscídivel para a vigência efetiva de instituições, tal como preconizava a Constituição repbulcana de 1891. Formava-se em seus escritos a figura do brasileiro como um homem descontente consigo mesmo, ressentido com seus pais colonizadores devido à herança maldita aqui deixada. Essa poderosa figura negativa situou a questão da cidadania no núcleo do debate e serviu de eixo argumentativo para seus diferentes projetos políticos.