Arquivos de Neuro-Psiquiatria (Mar 1974)

Pneumocéfalo pós-traumático Post-traumatic pneumocephalus: report of three cases

  • Mario S. Cademartori

Journal volume & issue
Vol. 32, no. 1
pp. 61 – 66

Abstract

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O autor apresenta três casos de pneumatocele intracerebral pós-traumático, revisando os principais sintomas desta complicação. Faz uma análise das hipóteses admitidas como determinantes e formadoras das aeroceles a partir do traumatismo craniano. Concorda com o mecanismo valvular admitido para os pacientes com fístula do líquido cefalorraqueano, mas julga que esse mecanismo é insuficiente para explicar os casos em que não haja fístula. Existindo solução de continuidade ósteo-meníngea e a pressão intracraniana se tornando negativa periodicamente, ficam estabelecidas condições para que o ar atmosférico entre em contato com o tecido nervoso. As pulsações do conteúdo intracraniano exercendo um mecanismo valvulado retem temporariamente pequenas porções de ar. Este aquecido sofre dilatação, expansão e aumento de pressão, e, devido ao mesmo mecanismo valvulado, ocorrerá uma troca parcial do ar interno com o externo. A repetição deste processo leva a retenção de volumes crescentes de ar, em estágios de pressão sempre mais elevadas. Quando a pressão exercida sobre o sistema vascular determinar o colapso do mesmo, o tecido nervoso sofrendo isquemia, entrará em necrose e atrofia. Esta se faz de preferência na substância branca por ser a mais frágil e não contar com a trama conjuntiva e riqueza de vasos da substância cinzenta. Esta situação tem caráter evolutivo e explicaria a formação das pneumatoceles na ausência de fístula de líquido cefalorraqueano.Three cases of cerebral aerocele are reported. The sintomatology and valvulate mechanism involved in this kind of pathology are discussed. The author desagree that only this valvulated mechanism explains the aerocele without rhinorrhea. Negative pressure generated by cerebral pulsation and the upstand position in presence of osteo-dural fissure, will aspirate air which will expand by body temperature. This together with cerebral pulsations will permit partial elevation of the inner air temperature with the cold out air. This continuous and partial change will detain a little more volumes of air in more and more pressure. When the pressure is sufficient to colapse the capilaries vessels in the neighbouring tissue necrosis will undergo. This repeatitive mechanism generates the aerocele.