Revista de Saúde Pública (Feb 2009)
Causas do declínio da desnutrição infantil no Brasil, 1996-2007 Causas del declive de la desnutrición infantil en Brasil, 1996-2007 Causes for the decline in child under-nutrition in Brazil, 1996-2007
Abstract
OBJETIVO: Estabelecer a evolução da prevalência de desnutrição na população brasileira de crianças menores de cinco anos de idade entre 1996 e 2007 e identificar os principais fatores responsáveis por essa evolução. MÉTODOS: Os dados analisados procedem de inquéritos "Demographic Health Surveys" realizados no Brasil em 1996 e 2006/7 em amostras probabilísticas de cerca de 4 mil crianças menores de cinco anos. A identificação dos fatores responsáveis pela variação temporal da prevalência da desnutrição (altura-para-idade inferior a -2 escores z; padrão OMS 2006) considerou mudanças na distribuição de quatro determinantes potenciais do estado nutricional. Modelagem estatística da associação independente entre determinante e risco de desnutrição em cada inquérito e cálculo de "frações atribuíveis parciais" foram utilizados para avaliar a importância relativa de cada fator na evolução da desnutrição infantil. RESULTADOS: A prevalência da desnutrição foi reduzida em cerca de 50%: de 13,5% (IC 95%: 12,1%;14,8%) em 1996 para 6,8% (5,4%;8,3%) em 2006/7. Dois terços dessa redução poderiam ser atribuídos à evolução favorável dos quatro fatores estudados: 25,7% ao aumento da escolaridade materna; 21,7% ao crescimento do poder aquisitivo das famílias; 11,6% à expansão da assistência à saúde e 4,3% à melhoria nas condições de saneamento. CONCLUSÕES: A taxa anual de declínio de 6,3% na proporção de crianças com déficits de altura-para-idade indica que em cerca de mais dez anos a desnutrição infantil poderia deixar de ser um problema de saúde pública no Brasil. A conquista desse resultado dependerá da manutenção das políticas econômicas e sociais que têm favorecido o aumento do poder aquisitivo dos mais pobres e de investimentos públicos que permitam completar a universalização do acesso da população brasileira aos serviços essenciais de educação, saúde e saneamento.OBJETIVO: Establecer la evolución de la prevalencia de desnutrición en la población brasilera de niños menores de cinco años de edad entre 1996 y 2007 e identificar los principales factores responsables por esa evolución. MÉTODOS: Los datos analizados proceden de averiguaciones "Demographic Health Surveys" realizadas en Brasil en 1996 y 2006/7 en muestras probabilísticas de cerca de 4 mil niños menores de cinco años. La identificación de los factores responsables por la variación temporal de la prevalencia de la desnutrición (altura-para-edad inferior a 2 escores z; patrón OMS 2006) consideró cambios en la distribución de cuatro determinantes potenciales del estado nutricional. El modelaje estadístico de la asociación independiente entre determinante y riesgo de desnutrición en cada averiguación y cálculo de "fracciones atribuibles parciales" fueron utilizados para evaluar la importancia relativa de cada factor en la evolución de la desnutrición infantil. RESULTADOS: La prevalencia de la desnutrición fue reducida en cerca de 50%: 13,5% (IC 95%: 12,1%; 14,8%) en 1996 para 6,8% (5,4%; 8,3%) en 2006/7. Dos tercios de esa reducción podrían ser atribuidos a la evolución favorable de los cuatro factores estudiados: 25,7% al aumento de la escolaridad materna; 21,7% al crecimiento del poder adquisitivo de las familias; 11,6% a la expansión de la asistencia a la salud y 4,3% a la mejoría en las condiciones de saneamiento. CONCLUSIONES: La tasa anual del declive de 6,3% en la proporción de niños con déficit de altura-para-edad indica que en más de diez años la desnutrición infantil podría dejar de ser un problema de salud pública en Brasil. La conquista de ese resultado dependerá del mantenimiento de las políticas económicas y sociales que han favorecido el aumento del poder adquisitivo de los más pobres y de inversiones públicas que permitan completar la universalización del acceso de la población brasilera a los servicios esenciales de educación, salud y saneamiento.OBJECTIVE: To describe the evolution of prevalence of under-nutrition among Brazilian underfives between 1996 and 2007, and to identify major factors responsible for this evolution. METHODS: Data analyzed are from two Demographic Health Surveys carried out in Brazil in 1996 and 2006/7 based on probabilistic samples of roughly 4 thousand children under five years of age. Identification of factors responsible for temporal variation in prevalence of under-nutrition (height-for-age below -2 Z-scores; WHO 2006 standard) took into account changes in the distribution of four potential determinants of nutritional status. Statistical modeling of the independent association between these determinants and risk of under-nutrition, and calculation of "partial attributable fractions" were used to determine the relative importance of each factor in the evolution of infant under-nutrition. RESULTS: Prevalence of under-nutrition fell by approximately 50%, from 13.5% (95%CI: 12.1%; 14.8%) in 1996 to 6.8% (5.4%; 8.3%) in 2006/7. Two-thirds of this reduction could be attributed to favorable evolution in the four factors studied: 25.7% to increased maternal schooling; 21.7% to increased purchasing power of families; 11.6% to expansion of healthcare; and 4.3%to improvements in sanitation. CONCLUSIONS: The 6.3% annual rate of decline in the proportion of children with height-for-age deficits indicates that, in another ten years, child malnutrition in Brazil may no longer be a public health issue. Achieving this will depend on the maintenance of economic and social policies that have favored an increase in purchasing power among the poor, and on public investments aimed at completing the universalization of access to essential services such as education, health, and sanitation among the Brazilian population.
Keywords