TradTerm (Jan 2017)

Boris Schnaiderman e o autocomentário de tradução

  • Walter Carlos Costa

Journal volume & issue
Vol. 28

Abstract

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Boris Schnaiderman se distingue por possuir um método peculiar de fazer e editar traduções. Ele costumava pedir a alguém para ler em voz alta suas traduções enquanto checava o original. Para cada tradução, ele costumava ler toda a obra do autor, bem como a crítica, russa e estrangeira. Essa leitura era a base do paratexto (prefácios, posfácios, notas de rodapé) que acompanhava suas traduções. Ele usava o mesmo método em cada nova edição das traduções, quando atualizava a bibliografia sobre o autor e sua vida e obra e fazia mudanças no paratexto. Ele empregava o mesmo método cada vez que suas traduções eram reeditadas. Em seus paratextos, examinava aspectos diferentes do autor e de sua obra, expressando uma visão pessoal, em geral, contra o consenso vigente, como quando considerava a relevância de uma parte da obra de Maksim Górki em uma época em que Górki era amplamente visto como um autor de segunda categoria. Schnaiderman, sempre que possível, tentava estabelecer vínculos do autor e do texto traduzido com a cultura brasileira. Em consequência, conseguiu dialogar com figuras importantes, como Dalton Trevisan e Rubem Fonseca, sobre autores que eles consideravam importantes para sua obra, como Anton Tchekhov e Isaac Bábel. Todos esses traços tornam as traduções e paratextos de Schnaiderman um rico corpus para pesquisadores, entre outros, das áreas de estudos de tradução, estudos russos, literatura brasileira, literatura comparada e estudos literários.

Keywords