Revista de Saúde Pública (Aug 2004)
Intenções reprodutivas e práticas de regulação da fecundidade entre universitários Reproductive intentions and fertility regulation practices among university students
Abstract
OBJETIVO: Identificar as intenções reprodutivas e caracterizar as práticas de regulação da fecundidade, abarcando a contracepção e o aborto, entre um grupo de adolescentes e jovens de alta escolaridade. MÉTODOS: Os dados foram levantados a partir de um estudo amplo quali-quantitativo com estudantes de graduação com idade de até 24 anos, de uma universidade pública estadual localizada na cidade de São Paulo. A população estudada foi constituída de 952 estudantes que freqüentavam disciplinas sorteadas pelo método de sorteio aleatório; e numa segunda etapa foram realizadas 33 entrevistas em profundidade com alunos voluntários. Na primeira etapa, os alunos foram entrevistados em sala de aula, através de um questionário auto-aplicável e, na segunda etapa, foram gravadas entrevistas em profundidade, realizadas em um local previamente combinado. RESULTADOS: O padrão de família idealizado pelo grupo era pequeno, com até dois filhos. A idade considerada ideal no nascimento do primeiro filho seria próxima aos 30 anos. Os estudantes referiram uma alta proporção de uso de contraceptivos - sobretudo do condom e da pílula. Ao lado disso, observa-se uma alta proporção de gestações finalizadas pelo aborto. Como resultante desse quadro, a fecundidade é bastante baixa no grupo, ou seja, 27 estudantes referiram uma ou mais gestações. Os dados qualitativos não foram objeto de análise. CONCLUSÕES: Embora o tamanho idealizado para a família reflita uma tendência geral presente na sociedade brasileira, constata-se que o grupo adia a maternidade/paternidade em função de um projeto de vida orientado para a conclusão de um curso superior e a inserção no mercado de trabalho. Ainda assim, a contracepção e a prevenção das doenças sexualmente transmissíveis são vivenciadas precariamente.OBJECTIVE: To identify reproductive intentions and fertility regulation practices, including contraception and abortion, in a group of high schooling adolescents and young adults. METHODS: The data were gathered from a large quali-quantitative study carried out among University of São Paulo undergraduate students aged up to 24 years. The study sample consisted of 952 students who attended the university courses and were randomly drawn. In this first step, a self-administered questionnaire was applied to the students in the classroom. On the next step, in-depth interviews were applied to 33 volunteer students in a preset place. RESULTS: It was observed that the students' idealized family model is to have up to two children. The optimal age for having a first child is close to 30. The students referred high contraceptive use, especially condoms and the pill. High proportion of abortion was also observed. Consequently, fertility is considerably low in the study group, i.e., 27 students reported having one or more pregnancies. Qualitative data were not analyzed. CONCLUSIONS: Although the idealized family size reflects a general trend in the Brazilian society, it can be noted that the group delays maternity/paternity for the sake of a life project of getting a university degree and having autonomy. Despite that, contraception and prevention of sexually transmitted diseases are poor.
Keywords