Revista Brasileira de Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde (Mar 2019)
Análise do perfil das prescrições de antimicrobianos na clínica médica de um hospital público do Pará
Abstract
Na prática assistencial hospitalar, os antimicrobianos estão entre os medicamentos mais prescritos e o seu uso irracional implica resistência bacteriana, elevação de custos e diminuição da qualidade de vida do paciente. Foi realizada pesquisa retrospectiva (janeiro a junho de 2010) nos prontuários de pacientes entre 19 e 64 anos internados na Clínica Médica do Hospital Regional Dr. Abelardo Santos/Belém-Pa. A amostra obtida foi de 63 prontuários, observando-se 100% de terapia empírica em relação à terapia específica. As infecções respiratórias, do trato urinário e gastrintestinais figuraram como as mais freqüentes e a mediana de internação foi de 7 dias. As classes dos betalactâmicos e das quinolonas foram os mais prescritos, tendo como representantes das classes a ceftriaxona (52 prescrições) e o ciprofloxacino (21), respectivamente. O tempo de antibioticoterapia variou entre 1 e 17 dias. Constatou-se grande variedade de associações de antimicrobianos, inclusive entre fármacos de mesma classe farmacológica. Para 68,3% dos pacientes, o tratamento foi em politerapia (2 a 5 antimicrobianos). Os dados evidenciam a importância de se criar mecanismos de controle na prescrição e dispensação de antimicrobianos, através de medidas restritivas no uso de tais medicamentos e medidas educativas para a equipe de saúde. O uso racional de antimicrobianos depende de mudanças das práticas de prescrição médica e envolve distintos atores, dentre eles o Serviço de Controle de Infecção Hospitalar, o Serviço de Farmácia, o Laboratório de Microbiologia e a Direção do hospital que deve subsidiar as decisões tomadas visando à qualidade assistencial.