Brazilian Journal of Infectious Diseases (Jan 2022)

FASCIÍTE NECROSANTE EM MAMA: RELATO DE CASO

  • João Vitor Matachon Viana,
  • Ana Paula da Cunha,
  • Letícia Viana Ruela,
  • Amanda Martinelli Victor,
  • Filipe Rocha Xavier,
  • Victor Esteves Visconti,
  • Matheus Casali Silva Baliza,
  • Romão Precioso Silva

Journal volume & issue
Vol. 26
p. 102185

Abstract

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Fasciíte Necrosante (FN) é uma infecção grave de partes moles caracterizada por necrose rapidamente progressiva, difusa, da fáscia e dos tecidos adjacentes. Em tempos atuais, não existem dados exatos quanto a sua real incidência. Em relação aos casos de FN em mama sem associação com fatores de risco, menos de 20 casos foram descritos na literatura. Relato de Caso: G.C.R.C, sexo feminino, 19 anos, parda, solteira, natural e residente no Estado do Rio de Janeiro. Dá entrada no Pronto Socorro de um hospital público, em Volta Redonda, em fevereiro de 2021, referindo mastalgia e sinais flogísticos em mama direita, sem trauma ou ferida local preexistentes, associados a febre não termometrada há três dias. Notou-se piercing mamilar, implantado há dois anos, sendo retirado durante a abordagem inicial. Após esse procedimento, teve alta para casa e, após 12 horas, retornou ao hospital apresentando, ao exame físico, mama direita hiperemiada na região periareolar e irradiação lateral do processo inflamatório. No dia seguinte à admissão, foi internada no Setor de Ginecologia e Obstetrícia e, em quatro horas, evoluiu com equimose periareolar extensa, avançando com piora dos sinais flogísticos, flictemas de conteúdo serossanguinolento e necrose periareolar. Estipulou-se assim a hipótese diagnóstica de FN. No quarto dia de internação, foi submetida a amplo desbridamento cirúrgico com fasciotomia e retirada de todo tecido necrótico. Permaneceu em antibioticoterapia por 14 dias no Centro de Terapia Intensiva. O quadro ilustrava involução progressiva com redução de secreções seropurulentas e sinais inflamatórios. Após término do esquema antimicrobiano, recebeu alta hospitalar e foi mantida em acompanhamento ambulatorial para manutenção de curativos. No 35° dia após sua alta hospitalar, em abril, a paciente foi submetida a cirurgia plástica reparadora. Realizou-se enxerto de pele com área doadora da região infraumbilical. O procedimento ocorreu sem intercorrências, sendo finalizado com curativo de Brown. Esse é um dos poucos casos registrados de FN em mama, sendo necessários mais estudos quanto à sua patogênese, ao seu diagnóstico e ao seu tratamento para melhor manejo clínico.