Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Nov 2024)

ID258 Uso de tecnologias em saúde na esclerose múltipla

  • Cristiane Munaretto Ferreira,
  • Vasconcelos-Pereira EF,
  • Oliveira VM,
  • Arguello DB,
  • Guedes MB,
  • Martinez FS,
  • Siqueira FRR,
  • Shinorara EMG,
  • Ferreira MT,
  • Gubert VT

DOI
https://doi.org/10.22563/2525-7323.2024.v9.s1.p.197
Journal volume & issue
Vol. 9, no. s. 1

Abstract

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Introdução A esclerose múltipla é uma doença autoimune, neuroinflamatória e neurodegenerativa do sistema nervoso central. Ainda sem cura, os medicamentos orais fingolimode, teriflunomida e fumarato de dimetila fazem parte das tecnologias em saúde disponibilizadas recentemente, representando nova oportunidade de controle da doença e maior comodidade posológica aos pacientes. O presente estudo objetivou analisar a efetividade clínica e segurança dos medicamentos orais modificadores da doença disponíveis para tratamento de esclerose múltipla, em contexto de vida real. Métodos Para isso, conduziu-se estudo observacional, longitudinal e prospectivo, incluindo indivíduos com diagnóstico de esclerose múltipla que receberam fingolimode, teriflunomida ou fumarato de dimetila, mediante Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas. Os participantes foram acompanhados por até dois anos para avaliação de efetividade, segurança, adesão, descontinuação e satisfação com a farmacoterapia oral. A coleta de dados ocorreu no momento da inclusão e a cada seis meses, por meio de formulário de entrevista e consulta aos registros de saúde. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos, sob parecer no 4.679. 262. Resultados Fizeram parte deste estudo 107 indivíduos, dos quais 72,0% (77) eram do sexo feminino, 79,4% (85) caucasianos, com idade variando de 19 a 77 anos. A duração da doença variou entre quatro meses a 38 anos, com predomínio do fenótipo clínico remitente-recorrente (97; 90,7%). O fingolimode foi a tecnologia em saúde mais frequentemente utilizado para esclerose múltipla (86; 80,4%). No geral, a taxa anualizada de surto estimada foi de 0,149 (±0,729), 92,5% (8/107) dos pacientes não apresentaram surto e 86,3% (82/95) permaneceram sem progressão da incapacidade, não havendo diferença significativa entre os três regimes de tratamento. A estabilidade radiológica da doença foi mantida em 74,3% (55/74) dos casos, porém a proporção de pacientes radiologicamente estáveis foi menor em tratados com fumarato de dimetila (p=0,045). No total, 64 pacientes (59,8%) reportaram 131 reações adversas em vigência do tratamento, principalmente infecções do trato urinário (16; 14,9%), cefaleia (11; 10,3%) e leucopenia (11; 10,3%). Comparado ao fingolimode, foi observado maior taxa de descontinuação do tratamento com teriflunomida e fumarato de dimetila (p=0,001), entretanto, as razões para descontinuação (p=0,351) e tempo de duração do tratamento até a descontinuação (p=0,255) não diferiram entre os medicamentos. O valor médio de razão de posse de medicamento foi de 0,91 (IC 95% 0,88 – 0,94) e 82,2% (88/107) dos pacientes foram considerados aderentes à farmacoterapia. Os fatores esquecimento e descuido com os horários foram relatados como principais razões para falha na adesão entre os indivíduos que responderam ao Teste de Morisk-Green. Discussão e conclusões Os resultados obtidos até o momento sugerem efetividade e segurança dos medicamentos orais modificadores da doença para tratamento de pacientes com esclerose múltipla, entretanto, o fingolimode tem se mostrado melhor opção terapêutica no contexto de vida real.