Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)

EP-176 - OSTEOMIELITE ASSOCIADA A FIXAÇÃO DE FRATURAS EM HOSPITAL REFERÊNCIA DE TRAUMA DO CEARÁ: PERFIL EPIDEMIOLÓGICO, CIRÚRGICO E MICROBIOLÓGICO EM UM ANO DE INTERNAMENTO

  • Ítalo Sousa Moraes Castro,
  • Maria Isadora Fernandes Dias,
  • Mariana Fontenele Ferreira Hiluy,
  • Melyssa Cavalcante Santana,
  • Glaydson Assunção Ponte,
  • Antônio Mauro Barros Almeida Júnior

Journal volume & issue
Vol. 28
p. 104098

Abstract

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Introdução: A osteomielite associada a fixação de fraturas tem importância crescente pelo aumento do número de cirurgias com uso de implantes e do número de traumas associados a fraturas expostas. Objetivo: Caracterizar o tratamento e o perfil microbiológico das osteomielites internadas no Instituto Dr. José Frota (IJF), hospital referência em trauma no Ceará. Método: Coorte retrospectiva, baseado na revisão de prontuários de pacientes com mais de 18 anos e diagnóstico de osteomielite por cultura de fragmento ósseo ou material de síntese, internados no IJF no ano de 2023. Recebeu aprovação do comitê de ética do IJF (n° protocolo 6.624.375). Resultados: Foram incluídos 109 pacientes com diagnóstico de osteomielite com prontuário disponível para revisão, sendo 95,4% associadas a fixação de fraturas. A mediana de idade foi de 44 anos e a prevalência do sexo masculino de 80,7%. Fratura exposta aconteceu em 56% dos pacientes. O mecanismo de trauma mais prevalente foi acidente automobilístico (63,3%). A mediana de tempo de internamento foi 51 dias e 59,6% dos pacientes esperaram mais de um mês para a realização da cirurgia definitiva. Os microrganismos mais isolados foram Staphylococcus aureus (38,5%), Pseudomonas aeruginosa (27,5%), Klebsiella pneumoniae (12,9%), Acinetobacter baumannii (9,2%), Staphylococcus coagulase negativo (9,2%) e Escherichia coli (6,4%). S. aureus apresentavam sensibilidade de 92,9% a glicopeptídeos, 95,2% a sulfametoxazol-trimetoprim, 28,6% a rifampicina, 26,2% a clindamicina e 2,4% a levofloxacina. S. aureus coagulase-negativo apresentavam 100% de sensibilidade a glicopeptídeos e 70% a sulfametoxazol-trimetoprim. P. aeruginosa apresentavam 26,9% de resistência a carbapenêmicos, 30,8% a ceftolozane-tazobactam e 7,7% a ceftazidima-avibactam. Entre os isolados de K. pneumoniae, 50% apresentavam resistência a carbapenêmicos e destes, apenas 33,3% eram sensíveis a ceftazidima-avibactam. A. baumannii resistentes aos carbapenemicos totalizaram 75% dos isolados deste microorganismo e apresentaram 100% de sensibilidade à polimixina B e 16,7% de sensibilidade a tigeciclina (todos resistentes aos aminoglicosídeos e as quinolonas). E. coli apresentou 28,6% de produção de ESBL. Conclusão: Em geral, houve um longo tempo de internamento e espera pela cirurgia definitiva. Há provável alta prevalência de produção de carbapenemases por gram-negativos, incluindo P. aeruginosa. Sulfametoxazol-trimetoprim, neste cenário, é uma boa opção de tratamento oral para gram-positivos.