Anos 90 (Dec 2024)

Uma lição de reformismo-sanitário para a elite agrária mineira: Meio ambiente, raça e doença em Belisário Penna

  • Claiton Marcio da Silva,
  • Leonardo Dallaqua de Carvalho

Journal volume & issue
Vol. 31

Abstract

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O tema do reformismo-sanitário vem sendo historicamente explorado por estudiosos do Pensamento Social Brasileiro e, em grau semelhante, na História da Ciência brasileira. Estes trabalhos se orientam, sobretudo, em como o pensamento de médicos-sanitaristas foi influente na conformação de uma estrutura de saúde pública e de pesquisa científica no Brasil. Por outro lado, a consolidação do campo da História Ambiental no Brasil em diálogo com campos relacionais como a Ecocrítica, possibilita uma renovação na leitura dos clássicos do Pensamento Social. Nessa perspectiva, esse artigo tem por objetivo principal analisar o papel que o mundo natural assume na conferência Saneamento Rural e o opúsculo Minas e Rio Grande do Sul: estado da doença, estado da Saúde, ambos escritos por Belisário Penna e proferidos ou publicados em 1918. Metodologicamente, esse artigo propõe uma leitura a partir da Ecocrítica e da História Ambiental, percebendo como Penna interpreta o mundo natural a partir de duas chaves opostas, mas complementares: em sua narrativa, o médico-sanitarista exalta, por um lado, a vastidão e a beleza de um mundo natural que, por outro lado, sem a intervenção sanitária, produz seres humanos doentes. Buscando introduzir o sanitarismo como ferramenta ideal para a elite de Minas Gerais, e por consequência brasileira através de seu escrito comparativo com o Rio Grande do Sul, Penna argumenta que os mineiros seriam laboriosos e saudáveis caso o meio ambiente em que eles viviam fosse reformado, saneado. Mudar os elementos considerados nocivos oriundos do mundo natural, portanto, seria uma tarefa política.

Keywords