Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Nov 2023)
Atuação do farmacêutico no gerenciamento do protocolo de Antibioticoprofilaxia Cirúrgica: da expectativa a realidade
Abstract
Introdução: A antibioticoprofilaxia cirúrgica tem como finalidade a redução do risco de infecção no sítio cirúrgico. Estudos indicam que 60% das infecções poderiam ser evitáveis se houvesse o uso racional de antibióticos, com indicação e administração no “timing” determinado. A implementação de protocolos institucionais serve para orientação de condutas, podendo contribuir para a redução de custos e de eventos adversos relacionados a esses medicamentos. O gerenciamento de indicadores dos protocolos e a participação do farmacêutico nesse seguimento podem ser uma prática importante na otimização desse processo, na elaboração de sugestões de melhorias e principalmente para aprimorar a segurança do paciente, garantindo a qualidade assistencial. Objetivos: Avaliar a conformidade da antibioticoprofilaxia cirúrgica considerando o protocolo institucional. Material e Método: Trata-se de um estudo descritivo transversal retrospectivo, realizado em um hospital de ensino no interior do Rio Grande do Sul, referência em Alta Complexidade em Traumatologia/Ortopedia. Foram coletados os dados das cirurgias de implante de prótese de joelho e de quadril, realizadas no período de 01 de janeiro a 31 de dezembro de 2022, por meio do sistema informatizado institucional e a tabulação feita por Microsoft® Excel 2013. Os dados obtidos foram comparados e avaliados quanto à adequação ao protocolo de profilaxia cirúrgica da instituição. Resultados: Foram realizados no período do estudo, 7.235 procedimentos no centro cirúrgico. Destes, 295 (4%) foram cirurgias de implante de prótese de joelho ou de quadril, consideradas com risco potencial de infecção. A antibioticoprofilaxia foi realizada em 94,5% (n=281) das cirurgias avaliadas. Deste total, a indicação e a escolha do antimicrobiano estavam em conformidade com o protocolo. O antimicrobiano mais utilizado foi a Cefazolina, cefalosporina de primeira geração, administrada em 92,5% (n=273) dos pacientes. Em 6 procedimentos não foi realizado ou registrado a realização da antibioticoprofilaxia. Em relação ao momento (timing) de administração do antimicrobiano, a maioria dos casos avaliados (83,3%) estavam de acordo com o protocolo, que estabelece o início da profilaxia em até 60 minutos antes de incisar o paciente. Discussão e Conclusões: Os resultados encontrados no estudo demonstram adesão satisfatória ao protocolo de profilaxia cirúrgica nos procedimentos analisados. A atuação do farmacêutico no gerenciamento desses indicadores permite realizar o acompanhamento do consumo de antibióticos, assim como criar estratégias de adesão ao protocolo e avaliar a necessidade de intervenções, garantindo a segurança do paciente e a qualidade da assistência prestada. No presente estudo, os resultados podem ser considerados positivos, entretanto, deve-se dar continuidade no acompanhamento dos indicadores e ao paciente no pós-cirúrgico, para verificar a incidência do desenvolvimento de infecções no sítio cirúrgico e a efetividade do protocolo.
Keywords