Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)
ALTERAÇÃO DO CENÁRIO DO NÚMERO DE TRANSFUSÕES SANGUÍNEAS DOS ÚLTIMOS SETE ANOS EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
Abstract
Objetivos: Analisar criticamente o número de transfusões ocorrido nos últimos sete anos em um hospital universitário, explorando as tendências e mudanças na prática transfusional. Material e métodos: Registros dos últimos sete anos no prontuário eletrônico de um determinado sistema de saúde. Foi definido o intervalo de 01 janeiro de 2016 a 31 de dezembro de 2022. Resultados: Em 2016, foram realizadas 3.196 transfusões sanguíneas, representando o ano com o maior número de transfusões. Em 2017, observou-se uma redução no número de transfusões, totalizando 2.810 casos. O ano de 2018 apresentou uma diminuição adicional no número de transfusões, com um total de 2.157 casos. Em 2019, o número de transfusões aumentou ligeiramente, totalizando 2.258 casos. No ano seguinte, em 2020, registramos um aumento adicional no número de transfusões, totalizando 2.312 casos. Em 2021, observamos uma diminuição significativa no número de transfusões sanguíneas, com um total de 1.759 casos. O ano de 2022 manteve uma tendência semelhante ao anterior, com 1.774 transfusões realizadas. Discussão: Observamos uma tendência de diminuição no número de transfusões. Essa mudança pode estar relacionada a avanços no conhecimento científico e diretrizes clínicas atualizadas, que enfatizam a importância de uma avaliação cuidadosa da necessidade de transfusões, levando em consideração fatores clínicos específicos e riscos potenciais. O crescente corpo de evidências científicas tem fornecido uma base sólida para orientar a prática médica. Diretrizes atualizadas e estudos clínicos têm demonstrado que a adoção de critérios mais rigorosos para transfusões, como níveis de hemoglobina mais conservadores, pode ser igualmente eficaz e, ao mesmo tempo, reduzir a exposição do paciente aos riscos associados às transfusões sanguíneas. A evolução de terapias alternativas, como o uso de agentes hemostáticos, medicamentos que estimulam a produção de células sanguíneas e abordagens não transfusionais, tem fornecido alternativas eficazes para a reposição sanguínea. Além disso, estratégias aprimoradas de gerenciamento de estoque de sangue, como a otimização da distribuição e a redução do desperdício. A colaboração entre diferentes especialidades médicas, como hematologia, anestesiologia, cirurgia e cuidados intensivos, é fundamental na redução das transfusões sanguíneas. Equipes multidisciplinares trabalhando em conjunto para avaliar individualmente cada paciente, considerando fatores clínicos específicos, riscos e benefícios, a fim de tomar decisões informadas sobre a necessidade de transfusões. Avanços nas técnicas cirúrgicas, incluindo cirurgias minimamente invasivas, laparoscopia e abordagens guiadas por imagens, permite procedimentos mais precisos, reduzindo a perda de sangue durante as intervenções. Além disso, cuidados perioperatórios aprimorados, como controle da temperatura corporal e otimização da fluidoterapia, contribuiu para a redução da necessidade de transfusões sanguíneas em pacientes cirúrgicos. Essas reduções sugerem possíveis mudanças na prática de transfusão sanguínea, certamente por uma abordagem mais criteriosa e seletiva na indicação desse procedimento. Conclusão: Esses dados fornecem uma base para reflexão e discussão no contexto do cuidado de saúde, incentivando a adoção de práticas baseadas em evidências e promovendo a melhoria contínua da qualidade dos cuidados aos pacientes.