Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)
ESTUDO DE PREVALÊNCIA DE ESPÉCIES NA HEMOCULTURA DE PACIENTES ONCOHEMATOLÓGICOS DE UMA UNIDADE TERCIÁRIA DE SAÚDE DO CEARÁ
Abstract
Objetivos: Destacar as espécies de microrganismos mais prevalentes nas amostras de hemocultura de pacientes oncohematológicos admitidos numa Unidade Terciária de Atendimento (HGCC) em dois anos. Materiais e métodos: O presente estudo de prevalência, de caráter transversal observacional e analítico, delimitou o espaço temporal de dois anos (01/08/2021 à 19/06/23) para analisar e pontuar as espécies mais representativas na hemocultura dos pacientes da unidade hematológica acometidos com linfomas, leucemias, mielodisplasias e outras patologias oncohematológicas. Os dados empregados nesta pesquisa foram obtidos por meio de uma revisão dos resultados de amostra de hemocultura, estratificados e distribuídos por frequência em tabela da Unidade Terciária de Atendimento (HGCC) em Fortaleza, CE. Resultados: De um total de 115 amostras isoladas positivas de hemocultura, analisando o perfil dos microrganismos com maior frequência, sobressaíram-se a Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus epidermidis e Staphylococcus aureus com, respectivamente, 31 (26.96%), 15 (13.04%) e 10 (8.70%) amostras identificadas. Somente essas três espécies bacterianas constituíram cerca de metade (48.70%) das amostras analisadas, demonstrando importante prevalência na unidade alvo do estudo. Além dessas, seguindo a ordem de frequência das amostras estavam: Escherichia coli (9), Staphylococcus haemolyticus (8), Staphylococcus capitis (7), Chryseobacterium indologenes (6), Staphylococcus hominis (6), Pseudomonas aeruginosa (5), Staphylococcus warneri (3), Stenotrophomonas maltophilia (3), Acinetobacter baumannii (2), Candida krusei (2), Enterococcus faecium (2), Klebsiella aerogenes (2), Acinetobacter baumannii complex (1), Candida tropicalis (1), Enterobacter cloacae (1) e Pseudomonas fluorescens (1). Discussão: Quadros infecciosos configuram uma das complicações mais graves e comuns de pacientes oncohematológicos e representam um desafio para a prática clínica. Esses pacientes possuem uma suscetibilidade a infecções oportunistas tanto pela condição de hiperproliferação clonal, redução na produção de leucócitos, eritrócitos ou plaquetas, quanto pela exposição a antineoplásicos (quimioterapia), elevando o risco de bacteremia e desfechos fatais. As infecções interferem na qualidade de vida dos pacientes, atrasam e, por vezes, interrompem o tratamento quimioterápico. A nível de classificação por coloração Gram, ao avaliar as amostras de hemocultura dos pacientes sob cuidados hemoterápicos do HGCC, infere-se que das dezenove espécies microbianas totais, dez pertencem ao grupo de bactérias gram-negativas e sete às bactérias gram-positivas. Além disso, dentre as gram-negativas encontradas convém destacar a frequência da Klebsiella pneumoniae, que configura um patógeno oportunista e coloniza indivíduos imunocomprometidos, hospitalizados e que apresentam sérias doenças de base, caso bem típico de pacientes hematológicos avançando com neutropenia febril ou outra complicação típica do quadro. Fica exposto também que somente dois encaixam-se como espécies fúngicas (Candida krusei e Candida tropicalis), presentes em 3 amostras totais. Conclusão: É necessário ampliar o campo de pesquisas infecciosas no setor Oncohematológico, a fim de tornar possível a antecipação de medidas terapêuticas, o impedimento de desfechos clínicos graves e fatais, além do avanço do prognóstico de pacientes imunocomprometidos.