Saúde em Debate (Nov 2023)

Cargas de trabalho, precarização e Saúde do Trabalhador no agronegócio no semiárido do Nordeste brasileiro

  • Andrezza Graziella Veríssimo Pontes,
  • Raiane Torres da Silva,
  • Jennifer do Vale e Silva

DOI
https://doi.org/10.1590/0103-1104202313901
Journal volume & issue
Vol. 47, no. 139
pp. 729 – 745

Abstract

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RESUMO A expansão do agronegócio no semiárido do nordeste do Brasil tem transformado agricultores camponeses em empregados de empresas de fruticultura, trazendo mudanças para seus modos de vida e trabalho. O estudo objetivou analisar condições, processos e cargas de trabalho no agronegócio de fruticultura. Realizou-se pesquisa qualitativa em que foram entrevistados empregados do agronegócio. As evidências foram produzidas e analisadas a partir de referenciais do campo Saúde do Trabalhador, fundamentando-se na teoria da determinação social do processo saúde-doença e adotando ‘processos de trabalho’ e ‘cargas de trabalho’ como categorias compreensivas das relações entre trabalho e saúde-doença. Observou-se que a produção agrícola se baseia na monocultura, no uso intensivo de mecanização e de agrotóxicos, e segue os moldes organizacionais da acumulação flexível e do taylorismo e fordismo. O mundo do trabalho vivido pelos empregados é marcado por alienação dos trabalhadores, precarização e intensificação do trabalho, que se concretizam em cargas de trabalho físicas, psíquicas, fisiológicas e, sobretudo, químicas. Estas advêm do uso intenso de agrotóxicos, presentes em todos os ambientes e processos de trabalho investigados. A proteção da saúde desses trabalhadores tensiona o Sistema Único de Saúde (SUS) a intensificar a vigilância em Saúde do Trabalhador, e a saúde coletiva, a incluir a problemática da saúde no debate público sobre os modelos agrícolas nacionais.

Keywords