Journal of the Geological Survey of Brazil (Feb 2023)
Overview of the geological mapping in Brazil: historical analysis until 2022
Abstract
O objetivo deste trabalho é contextualizar a evolução do mapeamento geológico no Brasil a partir da criação da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais-CPRM em 1969, como parte de um conjunto de medidas governamentais que visavam impulsionar o setor mineral brasileiro. Três ciclos de mapeamento foram individualizados (1969-1993, 1994-2002 e 2003-2022) ao longo destes 53 anos, cujos limites temporais foram definidos por marcos históricos, e que diferem entre si sobretudo em função da abordagem metodológica e dos recursos de suporte disponíveis. A análise foi realizada levando-se em conta as escalas 1:250.000 e 1:100.000, que representam as principais escalas de referência de cartografia geológica no país. A avaliação da execução do mapeamento demonstra que o nível do conhecimento geológico no Brasil ainda é incompatível com suas potencialidades minerais, com sua pujança em outros recursos naturais, e com a importância do país em cenário mundial. Apenas 48% do território brasileiro está mapeado na escala 1:250.000 e 27% na escala 1:100.000. A Amazônia representa o território com menor conhecimento geológico, visto que menos de 40% deste território possui cobertura de mapeamento na escala 1:250.000, enquanto mais de 50% do território não amazônico já possui cobertura de mapeamento na escala 1:100.000. Ao longo deste período, foco foi atribuído aos escudos pré-cambrianos em relação às bacias sedimentares, que configuram grandes vazios cartográficos, assim como áreas críticas de escudo da Amazônia, a exemplo de grande parte do Escudo das Guianas, na calha norte do Rio Amazonas. Além do desafio de mapear um país de dimensões continentais, e com contextos geoeconômicos bastante heterogêneos, outros fatores contribuem para este quadro, dentre eles a descontinuidade de iniciativas e programas governamentais, que impactam diretamente no planejamento do mapeamento, na disponibilidade orçamentária para investimentos em projetos, recursos humanos, infraestrutura, e na articulação de parcerias produtivas. Este trabalho evidenciou que os períodos de maior produtividade no mapeamento geológico do Brasil foram reflexo de diretrizes de governo bem definidas, de investimentos adequados, e de compartilhamento de responsabilidades com governos estaduais e universidades brasileiras, a exemplo do que ocorre em países que tiveram a percepção da importância dos levantamentos geológicos básicos como estratégia de desenvolvimento.
Keywords