Classica, Revista Brasileira de Estudos Clássicos (Jul 2008)
Horácio, Odes I,33 e a recepção da poesia amorosa
Abstract
Este artigo estuda um aspecto da ode I,33 de Horácio: a recepção da poesia elegíaca romana em chave biografista. Horácio apresenta como biográfico o que o poeta elegíaco Álbio (não importa aqui se se trata de Tibulo, como geralmente se crê) cantou em seus versos, celebrando uma puella de nome Glycera. Este poema é um exemplo, dentre muitos, de testemunhos de uma indistinção entre autor empírico e persona poética, que se costuma associar a uma leitura de tipo romântico, mas que, na verdade, é comum na recepção da poesia subjetiva na Antiguidade. Não queremos dizer, evidentemente, que Horácio lê ingenuamente os versos de outro poeta, mas que se refere a eles sem distinguir, no gênero elegíaco, autor empírico e persona poética, como é comum nos diálogos metapoéticos da poesia latina, um capítulo da recepção da poesia em primeira pessoa que merece a atenção dos estudiosos.
Keywords