Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)
ANÁLISE TEMPORAL DA EXECUÇÃO DE HEMOGRAMAS PELO SUS NO PARÁ ENTRE OS ANOS DE 2011-2020
Abstract
Objetivos: O hemograma é um exame complementar simples e recorrente, por isso, analisar a sua execução pelo Sistema Único de Saúde (SUS) pode revelar disparidades sociais, econômicas e regionais. Assim, objetiva-se investigá-lo em âmbito ambulatorial, durante os anos de 2011 a 2020 no estado do Pará. Material e métodos: Trata-se de um estudo retrospectivo e quantitativo, realizado com a coleta dados do Sistema de Informação de Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS), do Departamento de Informática do SUS (DATASUS), no período de 2011 a 2020, por local de atendimento, com filtro de procedimentos para hemograma completo. Além disso, utilizou-se dados da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (FAPESPA), para o cálculos demográficos da taxa. Resultados: Como resultados obtivemos total de 22.052.164 hemogramas no período, com média de 26,75 na taxa de realização de hemogramas para 100 habitantes (tH), sendo a maior em 2019 com 28,43 e a menor em 2020 com 24,97 - menor valor no intervalo estudado. Calculando-se a variação desse índice, na comparação com o ano anterior, obteve-se média de -0,27%, taxas negativas em 2013 (-3,85%), 2015 (-0,39%), 2016 (-0,53%) e a menor em 2020 com -12,18%; e taxas positivas em 2012 (3,52%), 2014 (2,96%), 2018 (1,89%), 2019 (0,03%), a maior em 2017 com 6,07%. Em relação aos municípios, Pau D'Arco obteve o maior valor no intervalo com tH de 68,26, seguido por São Geraldo do Araguaia (66,26) e Piçarra (64,99), a capital Belém figura em 16°lugar com 43,32, acima da média do estado. DISCUSSÃO: Em todo o Pará, e os 144 municípios analisados, no decorrer dos anos, visualizou-se uma possível tendência de aumento na quantidade total de hemogramas realizados em todo o estado até 2019, contudo após o cálculo da tH essa inclinação só foi regra a partir de 2017, apresentando alternância de aumento e queda em anos anteriores. Outrossim, destaca-se uma redução expressiva neste mesmo índice no ano de 2020, cuja causa pode estar relacionada a quarentena imposta pela pandemia de COVID-19. Quando analisado os municípios, Santarém foi o único que realizou mais de 1 milhão de coletas no intervalo analisado, além da capital, totalizando 1.298.846 (tH = 40,73). Porém, Pau D'Arco, São Geraldo do Araguaia e Piçarra foram os três que mais realizaram exames por habitantes, sendo que todas são cidades pequenas (a maior com 24.705 habitantes), o que indica a possibilidade de realização exagerada de exames. Finalmente, os municípios de Anajás, Aveiro, Bagre, Chaves, Santa Bárbara do Pará, São Caetano de Odivelas, não possuíam nenhum hemograma realizado no intervalo estudado e outros 35 municípios apresentaram pelo menos 1 ano com valores zerados, o que indica hipóteses como da necessidade de deslocamento para sua realização, ou inconsistência de dados. Conclusão: Diante do exposto, percebe-se que a execução de hemogramas pelo SUS no Pará, entre os anos de 2011 e 2020, foi marcada por um aumento quantitativo no intervalo. Entretanto, percebe-se uma flutuação no que tange a tH no mesmo período, com a maior taxa positiva ocorrendo em 2017 e a menor taxa negativa em 2020. Além disso, percebem-se diferenças marcantes entre as cidades evidenciando a possibilidade de concentração de realização de exames em centros urbanos maiores, ou exageros na sua solicitação. Assim, é importante a necessidade de dimensionar tal disparidade entre tais regiões.