Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS INAPTIDÕES CLÍNICAS DO NORTE DE MINAS GERAIS
Abstract
Introdução/objetivo: O desenvolvimento científico, conhecimento da epidemiologia e transmissão das doenças infeciosas possibilitam adequações dos métodos de triagem e melhoria da segurança transfusional. Dessa forma, o objetivo do estudo foi analisar o perfil epidemiológico das inaptidões clínicas no Norte de Minas Gerais, entre os anos de 2019 e 2022. Material e métodos: Trata-se de estudo epidemiológico documental, quantitativo, longitudinal e analítico, onde utilizou-se dados secundários do Boletim Estatístico e do Sistema Hemote Plus do Hemocentro Regional de Montes Claros - Fundação Hemominas. Foram incluídos os candidatos à doação de sangue entre 2019 e 2022. Em relação às variáveis, pesquisou-se características sociodemográficas, ano de doação, tipo de doador, tipo de doação e inaptidão clínica. Foi realizada análise estatística descritiva, Teste de Shapiro-Wilk, ANOVA One-way e Teste de Tukey, considerando um nível de significância de 5%. O estudo foi conduzido após a aprovação do CEP-Hemominas, sob parecer número 5.926.762. Resultados: No período analisado, 81.195 candidatos compareceram no banco de sangue. Desse total, 15.398 (18,96%) apresentaram inaptidão clínica, a maioria dos inaptos era do sexo femininos (54,75%) e maiores de 29 anos (50,77%). Em relação à inaptidão clínica por tipo de doador, eram doadores de reposição (59,68%); doadores de primeira vez (46,23%), doadores de repetição (23,07%) e doadores esporádicos (29,00%). No que diz respeito as inaptidões por ano, observou-se maior taxa de inaptidão clínica em 2019 (28,02%), seguido por 2021 (25,06%), 2022 (23,80%) e 2020 (23,12%). Verificou-se diferença significativa na média mensal de inaptidões clínicas em 2019 (359,7 ±41,52) quando comparada à de 2020 (296,7 ± 52,04) e 2022 (303,3 ± 36,55). Discussão: Ao contrário do que foi encontrado no presente estudo, outros artigos evidenciam maior porcentagem de inaptidão do sexo masculino. Isso pode ser explicado pela maior quantidade de doadoras do sexo feminino na amostra avaliada. Ao analisar a faixa etária e associação com inaptidão clínica, os resultados desta pesquisa foram coerentes com a literatura, que apresenta em diferentes estudos, taxa de inaptidão clínica em maiores de 29 anos variando entre 45,33% a 54,67% do total de inaptos. Com relação ao pico da pandemia de COVID-19 ocorreu impacto negativo nas doações de sangue a partir de 2020 e, até 2022, não foi atingido o quantitativo de doações anterior à pandemia. Evidenciou-se queda com diferença significativa na quantidade média mensal das inaptidões clínicas em 2020. Conclusão: Tal estudo mostrou maior quantidade de inaptidões nos candidatos do sexo feminino, maiores de 29 anos, doadores de primeira vez e de reposição. Também documentou impacto deletério da pandemia de COVID-19 em relação à doação de sangue.