Revista Tempos e Espaços em Educação (May 2014)
O NÃO-RETORNO DE ESTUDANTES ESTRANGEIROS NA FRANÇA
Abstract
A pesquisa realizada em 2005 junto a 1715 estudantes estrangeiros na França configurou-se como o momento de fazer uma releitura sobre a questão do retorno desses estudantes a seus países de origem, após a realização de seus estudos, bem como do conceito de “fuga dos cérebros”. A pesquisa focou os projetos iniciais, as motivações, os percursos, as vivências e os projetos de futuro dos estudantes estrangeiros. As respostas obtidas acerca desses aspectos permitiram elaborar uma tipologia segundo as variáveis mais relevantes da investigação. Elas permitiram, também, identificar o contraste entre as estratégias desenvolvidas por esses estudantes antes e durante sua viagem de estudos na França. Por exemplo, os resultados mostram que a maioria dos estudantes vive uma situação de transição: 36% não havia decidido sobre o projeto de futuro, 29% pensa em retorna ao país de origem, 25% diz preferir ficar na França e um pouco menos de 10% indica o desejo de deslocamento para outro país. Apesar das diferenças, todas as regiões estudadas são afetadas por essas estratégias. Colocando em evidencia a questão da perspectiva profissional, os projetos de futuro podem ser bem distintos dos projetos iniciais e podem ser distintos, também, conforme o gênero, a idade e o país de origem. A partir de 1998 a França vive um aumento no número de estudantes estrangeiros nas instituições de ensino superior. O país procura, desde então, definir dispositivos para melhor “selecionar” seus estudantes estrangeiros colocando em funcionamento um conjunto de medidas reguladoras. Diante disso, o artigo pretende contribuir com o debate sobre os sentidos da mobilidade internacional dos estudantes e a questão do não-retorno em um contexto marcado pela implementação de novos dispositivos para melhor selecionar e acolher o público estrangeiro no ensino superior francês.