Trabalho Necessário (Jun 2018)

CAPITAL: MORE HUMAN THAN HUMAN (BLADE RUNNER E A BÁRBARIE DO CAPITAL)

  • Mário Duayer

DOI
https://doi.org/10.22409/tn.8i11.p6117
Journal volume & issue
Vol. 8, no. 11

Abstract

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Blade Runner (O Caçador de Andróides) é decerto um dos mais impressionantes filmes de ficção científica jamais realizados. Feito nada desprezível, é preciso reconhecer, em especial numa época em que a ciência ameaça tornar supérflua a ficção. A sua relevância enquanto produto cultural de e para nossa época é confirmada igualmente pela enorme literatura que originou. Na tentativa de entender as causas de seu impacto cultural, grande parte da literatura crítica parece ter produzido mais “ficção” do que o próprio filme. Em lugar de partirem da ficção apresentada pelo filme, muitas críticas procuram explicar o fascínio que exerce elaborando sobre a ficcionalização de certos elementos presentes no filme. Desta ficcionalização, que magnifica determinado elemento da ordem social delineada no filme, resulta uma imagem unidimensional e, portanto, empobrecida da sociedade representada no filme, redução tão mais paradoxal porquanto é feita em nome da pluralidade de “leituras”. Naturalmente, é um truísmo afirmar que este filme em particular, enquanto produto cultural complexo, admite “leituras” diferentes e divergentes. No entanto, a interpretação unilateral, monocromática, está em flagrante contraste com uma obra que, como afirmou um crítico, oferece “a mais abrangente visão de uma futura distopia jamais realizada em filme”.