Medicina (Dec 2003)

AVALIAÇÃO DO MODELO DE ORGANIZAÇÃO DA UNIDADE DE EMERGÊNCIA DO HCFMRP-USP, ADOTANDO, COMO REFERÊNCIA, AS POLÍTICAS NACIONAIS DE ATENÇÃO

  • José Sebastião Santos,
  • Sandro Scarpelini,
  • Sérgio Luís L. Brasileiro,
  • Clarice Aparecida Ferraz,
  • Maria Eulália L. V. Dallora,
  • Marcos Felipe Silva Sá

DOI
https://doi.org/10.11606/issn.2176-7262.v36i2/4p498-515
Journal volume & issue
Vol. 36, no. 2/4

Abstract

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As experiências inovadoras, direcionadas para as especificidades da atenção integral, da formação e da capacitação profissional na área das urgências, no Brasil, são recentes e vêm sofrendo influências dos modelos franco-germânico e anglo-americano. A incorporação do Sistema de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e da Regulação Médica(RM) à rede assistencial, no País, iniciou-se a partir da cooperação franco-brasileira, em 1995. Em nosso meio, o SAMU foi implantado em 1996 e a RM de toda a demanda de urgência para os hospitais, no ano de 2000. A atenção inicial às urgências, no Brasil, tal como no modelo franco-germânico é multidisciplinar, mas a sistematização do conhecimento e a das práticas assistenciais das equipes de saúde para o suporte avançado à vida têm sido influenciadas pelos programas anglo-americanos, tais como o Advanced Cardiac Life Support, o Advanced Trauma Life Support, o Pediatric Advanced Life Support e o Basic Life Support, dentre outros. Essas estratégias, adaptadas à realidade brasileira, têm contribuído para a transformação do velho modelo de organização da atenção às urgências, bem como proporcionado revisões dos conteúdos curriculares e da organização acadêmica. Os problemas da atenção às urgências, nos grandes centros urbanos, e algumas experiências com êxito, no âmbito do Sistema Único de Saúde(SUS), subsidiaram a formulação da Politicas Nacional de Atenção às Urgências (PNAU) e de Humanização (PNH) do Ministério da Saúde. Ao Ministério da Educação, aos Centros Formadores, aos Conselhos de Classe e às Agências de Fomento à Pesquisa cabem, em sintonia com o SUS, a formulação dos padrões para a formação, o exercício profissional e a investigação na atenção às urgências. A Unidade de Emergência do HCFMRP-USP (UE-HC), nos últimos anos, aplicando conceitos contemplados pela PNAU e pela PNH, participou da configuração de uma rede assistencial regional, hierarquizada de atenção às urgências, regulada e humanizada por meio da implantação da RM e do SAMU. Os serviços clínicos da UE-HC, vinculados aos Departamentos de Aplicação da FMRP-USP e apoiados pelo Centro de Estudos de Emergências ajudaram a redefinir a missão assistencial e educacional da unidade. A superlotação foi equacionada com a redução significativa do número de consultas e da taxa de ocupação, e, como era esperado, houve aumento da média de permanência, da complexidade dos casos atendidos e do custo médio das internações.Assim, a UE-HC tem se transformado num centro de referência para a assistência de elevada complexidade, assim como para a formação e capacitação de profissionais que lidam com as urgências. Neste cenário, estão surgindo as possibilidades para a reflexão crítica das práticas já instituídas, a sistematização das práticas e do conhecimento, a preparação para a produção de novos saberes e as bases para a criação de um departamento acadêmico e da especialidade de Urgências Médicas

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