Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

PERFIL DE ANTICORPOS IRREGULARES IDENTIFICADOS EM PACIENTES ATENDIDAS POR UMA AGÊNCIA TRANSFUSIONAL DE PORTO ALEGRE

  • MF Wohlenberg,
  • MMO Rodrigues,
  • LCC Oliveira,
  • E Schneider

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S616 – S617

Abstract

Read online

Objetivos: Revisar e analisar criticamente o perfil de anticorpos irregulares encontrado em pacientes do sexo feminino atendidas por uma agência transfusional de um hospital público da região sul do Brasil visando melhorar a conduta e o manejo técnico de casos complexos ou até mesmo evitá-los. Material e métodos: Estudo retrospectivo descritivo com levantamento de dados baseado em revisão de painéis de identificação de anticorpos irregulares de pacientes em um período de 5 anos, entre 2018 e 2022, com criação de banco de dados no Excel, associado à revisão da literatura em bases de artigos científicos, buscando informações sobre os anticorpos irregulares e suas possíveis associações. A busca de artigos nas bases de dados foi limitada a publicações com indexadores como identificação de anticorpos irregulares, imunohematologia e associações de anticorpos. Resultados: Foram realizadas, no período citado acima, 286 tentativas de identificação de anticorpos irregulares, e encontrados 220 anticorpos irregulares isolados e/ou associados. Para este trabalho, os painéis inconclusivos e/ou negativos não foram contabilizados. Dentre os 220 anticorpos irregulares identificados, houve 54 anti-D; 50 anti-E; 39 anti-K; 24 anti-C; 18 anticorpos contra antígenos de baixa frequência; 8 anti-M; 7 anti-Dia; 7 anti-Fya; 5 anti-Jka; 3 anti-S; 2 autoanticorpos frios; 1 anti-Lea; 1 anti-Jsa e 1 anti-Lua. Discussão: A pesquisa de anticorpos irregulares detecta a presença de anticorpos antieritrocitários no soro ou plasma e, quando apresenta resultado positivo, um painel de identificação de anticorpos deve realizado para determinar a especificidade do(s) anticorpo(s) presente(s). A detecção de anticorpos direcionados contra antígenos eritrocitários é crucial nas provas de compatibilidade pré-transfusionais e, uma vez identificado, a significância clínica do anticorpo pode ser determinada e as considerações transfusionais apropriadas colocadas em prática. A partir disso, foi possível constatar que tivemos uma alta frequência de anti-D, anti-E e anti-K, anticorpos considerados fortemente imunogênicos. Na sequência, anti-C e anticorpos contra antígenos de baixa frequência foram mais comumente identificados nas pacientes em questão. Os dados observados demonstram que as pacientes atendidas pela agência transfusional expressam um perfil de anticorpos irregulares comum e representativo na prática transfusional. E, com isso, é possível inferir que o padrão encontrado reflete as frequências de antígenos na região atendida. É importante ressaltar que pelo fato das pacientes serem do sexo feminino, as aloimunizações encontradas podem não ser exclusivamente derivadas da exposição transfusional, mas também de exposições gestacionais. Conclusão: Os anticorpos que foram identificados mais frequentemente são considerados os mais importantes na prática clínica (sistema Rh e Kell), não diferindo significativamente do relatado em outros estudos no Brasil. A sua correta identificação é imprescindível para a segurança transfusional, tendo em vista o potencial para reações transfusionais hemolíticas e Doença Hemolítica Perinatal.