Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Feb 2006)
Prevalência das lesões intra-epiteliais de alto grau em pacientes com citologia com diagnóstico persistente de ASCUS Prevalence of high-grade squamous intraepithelial lesions in patients with persistent cytological diagnosis of ASCUS
Abstract
OBJETIVO: verificar a prevalência de lesões intra-epiteliais de alto grau (LIAG) e câncer invasor em mulheres com citologia com diagnóstico de ASCUS (atipias em células escamosas de significado indeterminado) persistente após 6 meses e verificar se a idade é fator indicador para a existência destas lesões neste grupo de mulheres. MÉTODOS: foram incluídos 215 casos de mulheres não-gestantes e HIV-negativas com diagnóstico de ASCUS (sem especificação) persistente em duas citologias com intervalo mínimo de 6 meses. Tais resultados foram confrontados com o resultado histológico de biópsias, exéreses da zona de transformação (large loop excision of the transformation zone) ou cones. Foram considerados negativos para LIAG ou câncer quando a colposcopia foi satisfatória e sem alterações ou quando, apesar de insatisfatória, não foi detectada lesão em pelo menos um seguimento citológico e colposcópico. Para estabelecer a prevalência de lesões, calculamos a freqüência de diagnósticos com seus respectivos intervalos de confiança a 95% (IC 95%). Para análise estatística da diferença de proporções de LIAG ou câncer em cada faixa de idade, foi utilizado teste do chi2, e ainda estimamos o risco destas lesões entre mulheres com mais de 35 anos pela razão de prevalências com seu IC 95%. RESULTADOS: encontramos um total de negativos de 49,3% dos casos (IC 95%: 42,6-55,9). A prevalência de lesões intra-epiteliais de baixo grau foi de 38,6% (IC 95%: 32,1-45,1) e de LIAG de 10,7% (IC 95%: 6,5-14,8). Casos de câncer foram encontrados em 1,4% das pacientes (IC 95%: 0-2,9). Não foi possível estabelecer, de forma significativa, maior risco de LIAG/câncer considerando o corte de idade em 35 anos. CONCLUSÃO: a prevalência de LIAG/câncer encontrada em nosso estudo mostra que o risco de encontrarmos este tipo de lesão em mulheres atendidas no Sistema Único de Saúde em nosso município com duas citologias com diagnóstico de ASCUS é de cerca de 12%. Não foi possível evidenciar maior probabilidade de LIAG/câncer em qualquer das faixas etárias analisadas, porém este resultado pode ter sido limitado pelo pequeno tamanho amostral.PURPOSE: to determine the prevalence of high-grade squamous intraepithelial lesions (HSIL) and cancer in women with cytological diagnosis of persistent ASCUS (atypical squamous cells of undetermined significance) for 6 months in the last 7 years. We also assessed if age could be a predictive factor for presence of HSIL/cancer in this group. METHODS: we included 215 cases of non-pregnant and HIV-seronegative women with cytological diagnosis of persistent ASCUS (unespecific) with at least 6 months of interval between smears. This cytological diagnosis was compared to histological diagnosis obtained by biopsy (large loop excision of the transformation zone) or cone biopsies, and considered negative when colposcopy was satisfactory without lesions or, when unsatisfactory, no lesion was detected after at least one cytological and colposcopic follow-up. RESULTS: among the 215 cases, 49.3% had negative results (CI 95%: 42.6-55.9). The prevalence of histological confirmed low-grade squamous intraepithelial lesion was 38.6% (CI 95%: 32.1- 45.1) and HSIL was 10.7% (CI 95%: 6.5-14.8). Cases of cancer were found in 1.4% of patients (CI 95%: 0-2.9). We could not find a significant difference between the prevalence of HSIL/cancer according to age group using the cutoff point of 35 years. CONCLUSION: HSIL/cancer prevalence observed in this study has shown the risk of finding this kind of lesions in about 12% of women assisted in our public health system with two cytological diagnosis of ASCUS. A higher probability of HSIL/cancer in the different age groups was not found but this result was limited by our small sample size.
Keywords