Revista Brasileira de Geomorfologia (Sep 2021)

Efeitos da vegetação na modelagem de estabilidade de encostas na bacia hidrográfica do rio Cunha, Santa Catarina

  • Gean Paulo Michel,
  • Masato Kobiyama,
  • Roberto Fabris Goerl,
  • Franciele Zanandrea,
  • Leonardo Rodolfo Paul,
  • Heron Schwarz,
  • Gabriel Lopes Cardozo

DOI
https://doi.org/10.20502/rbg.v22i4.2008
Journal volume & issue
Vol. 22, no. 4

Abstract

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Os escorregamentos são processos naturais que podem trazer diversos impactos ambientais, sociais e econômicos. A identificação e mapeamento de áreas suscetíveis a escorregamentos são procedimentos importantes no gerenciamento de bacias hidrográficas. O uso de modelos de estabilidade de encostas auxilia na gestão da problemática envolvendo os escorregamentos, mas frequentemente negligenciam o efeito da vegetação. Este trabalho apresenta uma metodologia para analisar o efeito da vegetação em modelos de estabilidade de encostas. Em primeiro lugar, parâmetros relacionados a vegetação foram inseridos no equacionamento do Fator de Segurança (FS). A partir de análise de sensibilidade, verificou-se quais parâmetros possuem maior influência na estabilidade. Posteriormente, o modelo SHALSTAB foi modificado, inserindo os parâmetros mais relevantes, e aplicado na Bacia do rio Cunha. Os efeitos mecânicos, gerados pela presença da vegetação, inseridos na equação do FS são: coesão das raízes (cr); sobrecarga gerada pelo peso da vegetação (Sw); tensão cisalhante oriunda da ação do vento nas copas das árvores (Ve). Observou-se que cratua no sentido de aumentar a estabilidade da encosta e sua influência é a mais significativa dentre os parâmetros analisados e é maior em solos rasos, diminuindo com o aumento da profundidade. O parâmetro Sw atua na redução da estabilidade da encosta e exerce maior influência em solos rasos. Já o parâmetro Ve apresenta baixa influência sobre o FS e foi desconsiderado na formulação do SHALSTAB. A equação de FS se mostrou sensível a declividade até um ponto mínimo, após este ponto de declividade o FS varia pouco com o aumento da declividade. A análise de sensibilidade do modelo SHALSTAB modificado à variação dos parâmetros de entrada apresentou um comportamento similar àquele demonstrado pelo FS. Assim, a influência da vegetação na variação dos parâmetros e consequentemente na análise de estabilidade demonstrou ser relevante. Desta maneira, a formulação modificada do SHALSTAB proposta pelo presente trabalho pode ser utilizada na análise de estabilidade de encostas com presença de vegetação.

Keywords