Revista de Ciências da Saúde Nova Esperança (Oct 2018)

MIELITE ESQUISTOSSOMÓTICA: UM RELATO DE CASO

  • Clélia de Alencar Xavier Mota,
  • Alberto de Sousa Videres Filho,
  • Evander de Lima Vitorino,
  • José Tardelly Tavares de Araújo

DOI
https://doi.org/10.17695/revcsnevol16n2p100-107
Journal volume & issue
Vol. 16, no. 2
pp. 100 – 107

Abstract

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A esquistossomose mansônica constitui um sério problema de saúde pública no Brasil, podendo levar o indivíduo a consequências graves, como o comprometimento do sistema nervoso central. Atualmente, diante da maior frequência das formas medulares da esquistossomose, tornam-se cada vez mais necessárias investigações clínico-laboratoriais em pacientes com quadro clínico sugestivo. A descrição do caso do paciente em estudo torna-se relevante para os profissionais de saúde, auxiliando-os no diagnóstico e tratamento precoces. W.T.M., 30 anos, relatou dor lombar, irradiada para os membros inferiores, paraparesia e retenção urinária, 60 dias após banho de rio. Cerca de 12 dias após o início dos sintomas e diversas passagens por hospitais, os exames foram compatíveis com mielite transversa esquistossomótica, ficando o paciente internado, em uso de corticoesteróides e praziquantel. Apresentou melhora progressiva do quadro, porém persiste, até hoje, com paraparesia, dores neuropáticas e bexiga e intestino neurogênicos. A mielorradiculopatia esquistossomótica é a forma ectópica mais grave e incapacitante da infecção pelo Schistosoma mansoni. As manifestações clínicas são diversas, sendo frequente a tríade prodrômica dor lombar, alterações de sensibilidade de membros inferiores e disfunção urinária. Estas manifestações surgem de forma aguda e subaguda, com piora progressiva e acumulativa de sinais e sintomas, e em torno de 15 dias é instalado o quadro. O diagnóstico se baseia na tríade: manifestações clínicas, exclusão de outras causas de mielopatia e presença da infecção pelo S. mansoni. O tratamento é baseado em medidas específicas contra o parasito, profiláticas das possíveis complicações e abordagem multidisciplinar. O diagnóstico de mielite esquistossomótica deve ser sempre lembrado quando houver quadro neurológico suspeito e antecedente epidemiológico de esquistossomose, para a realização de tratamento adequado, evitando-se sequelas. O combate a esta doença deve se basear nas medidas de saneamento básico e de educação sanitária.

Keywords