Brazilian Journal of Infectious Diseases (Jan 2022)

AVALIAÇÃO DE FATORES QUE IMPACTAM NA INCIDÊNCIA DE RECIDIVAS DE LEISHMANIOSE TEGUMENTAR OU LEISHMANIOSE VISCERAL EM PACIENTES CO-INFECTADOS COM O VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA

  • Camila Freire Araújo,
  • Iara Barreto Neves Oliveira,
  • Muriel Vilela Teodoro Silva,
  • Ledice Inácia de Araújo Pereira,
  • Sebastião Alves Pinto,
  • Murilo Barros Silveira,
  • Miriam Leandro Dorta,
  • Simone Gonçalves Fonseca,
  • Rodrigo Saar Gomes,
  • Fátima Ribeiro-Dias

Journal volume & issue
Vol. 26
p. 102278

Abstract

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Introdução: A Leishmaniose tegumentar (LT) e a leishmaniose visceral (LV) são doenças endêmicas que emergiram como doenças oportunistas em pessoas vivendo com o vírus da imunodeficiência humana (HIV). Pacientes co-infectados apresentam maior risco de recidivas da leishmaniose que pode estar associado à baixa contagem de LT CD4+ e a um aumento da ativação imune crônica. Objetivo: Avaliar os fatores que impactam nas recidivas de LT e LV em pacientes portadores de HIV e o uso da profilaxia secundária. Métodos Foi um estudo retrospectivo e prospectivo, de acompanhamento de pacientes co-infectados, quanto ao número de LT CD4+, detectados por citometria de fluxo; carga viral, pela técnica da reação em cadeia da polimerase; e ativação de LT CD4+ e LT CD8+ via marcadores HLA-DR e CD38, por citometria de fluxo. Resultados: Foram avaliados 21 pacientes HIV/LT e 28 HIV/LV, sendo as taxas de recidivas de 28,6% e 14,3%, respectivamente. Os pacientes HIV/LV apresentaram menor número de LT CD4 (p = 0,08) do que os pacientes com HIV/LT, ao diagnóstico de leishmaniose. Os pacientes HIV/LV com recidivas (n = 6) apresentaram LT CD4+ < 350/mm3 no momento da recidiva; enquanto 50% dos pacientes HIV/LT que recidivaram (n = 4) tinham LT CD4+ < 350/mm3. Pacientes sem recidivas, porém, também apresentaram baixas contagens de LT CD4+, com 73,3% (HIV/LT) e 81,8% (HIV/LV) abaixo de 350/mm3 ao diagnóstico. Não houve diferenças significantes entre a frequência de pacientes com recidivas ou não entre grupos com ou sem uso de terapia antirretroviral (TARV) regular (HIV/LT: 27,3% [3/11] vs. 30% [3/10]; HIV/LV: 20% [4/20] vs. 12,5% [1/8]). A profilaxia secundária foi realizada em 11 pacientes HIV/LV e nesse grupo houve 27,3% de casos de recidiva (3/11). Essa frequência não diferiu significantemente daquela dos pacientes que sem profilaxia secundária (5,9%, 1/17). Em relação à ativação dos LT CD4+ e T CD8+, foram avaliados 4 pacientes HIV/LT (2 recidivas, 2 não recidivas), 6 HIV/LV (1 recidiva, 5 não recidivas) e 10 controles sadios. Os pacientes apresentaram maior proporção de LT CD4+ e LT CD8+ expressando CD38/HLA-DR do que os controles sadios (p < 0,05). Conclusão: Os dados sugerem que a contagem de LT CD4+, carga viral, TARV regular e profilaxia secundária não impactam nas recidivas de leishmanioses em pacientes HIV. Ressalta-se o baixo número de casos de recidivas, havendo necessidade de ampliar o número de amostras nos pacientes co-infectados, para melhores análises.