Vivência (Apr 2020)

A TRADIÇÃO DA PESCA NO TERRITÓRIO SESMARIA DO JARDIM (MARANHÃO): CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS E ESTRATÉGIAS DE MOBILIZAÇÃO

  • Flávio Bezerra Barros,
  • Noemi Sakiara Miyasaka Porro,
  • Anny da Silva Linhares,
  • Ciro de Souza Brito

DOI
https://doi.org/10.21680/2238-6009.2019v1n53ID20596
Journal volume & issue
Vol. 1, no. 53

Abstract

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O artigo discute as práticas e os conhecimentos tradicionais associados à pesca no contexto de conflitos socioambientais envolvendo criadores de búfalos e as comunidades quilombolas Bom Jesus e São Caetano, ambos localizadas no Território Sesmaria do Jardim, município de Matinha, Estado do Maranhão. As estratégias de mobilização social levadas a cabo pelas famílias quilombolas com vistas a conservação do ambiente e o direito de acesso e uso dos recursos presentes nos campos inundáveis também são objeto de reflexão neste texto. Partimos de uma abordagem da pesquisa-ação e os métodos de investigação se assentam em entrevistas etnográficas, lista livre, observação participante, discussões em grupo de enfoque e oficinas para ação pública. Os resultados demonstram como diferentes atores sociais se apropriam de modos distintos dos campos para exercer usos concorrentes. Os pescadores artesanais reivindicam o livre acesso ao campo enquanto recurso de uso comum, para o desenvolvimento de suas práticas sociais no trabalho da pesca associado à conservação dos recursos e da natureza. Criadores de búfalos e piscicultores, numa outra lógica, impõem a privatização dos campos, através da implantação de cercas elétricas e açudes artificiais para criação de peixes exóticos. Concluímos que a pesca artesanal dos quilombolas se constitui de práticas e conhecimentos tradicionais, e acima de tudo é construída por processos de resistência por direitos definidos num campo de forças políticas.