O LUGAR DA CULTURA NO DEBATE SOBRE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL: UM OLHAR A PARTIR DE MOÇAMBIQUE
Renata Menasche,
Jone Januário Mirasse,
Fabiana Thomé da Cruz
Affiliations
Renata Menasche
Doutora em Antropologia Social. Professora do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal de Pelotas (PPGAnt/UFPel) e do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PGDR/UFRGS). Coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Alimentação, Consumo e Cultura (GEPAC –https://www.ufrgs.br/gepac/)
Jone Januário Mirasse
Engenheiro agrônomo, Mestre em Desenvolvimento Rural. Pesquisador pela Direcção Nacional de Gestão e Garantia da Qualidade no Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, Maputo, Moçambique.
Fabiana Thomé da Cruz
Engenheira de Alimentos, doutora em Desenvolvimento Rural. Professora da Escola de Agronomia/ Universidade Federal de Goiás (EA/UFG)
Este artigo problematiza o lugar da cultura alimentar em projetos e políticas públicas voltados à segurança alimentar e nutricional (SAN). São analisados dados empíricos de pesquisa acerca de um programa público na província de Nampula (Nordeste de Moçambique) por meio do qual famílias rurais foram estimuladas a produzir e consumir batata-doce de polpa alaranjada. Apesar de nutritivo, esse tubérculo — por razões que remetem ao sofrimento vivenciado no processo de colonização e ao respeito aos ancestrais — é aceito com restrições pela população. Desse modo, seu emprego para combater a insegurança alimentar pode ser considerado pouco eficaz. Esse contexto, favorável à análise das interfaces entre cultura alimentar e SAN, proporciona refletir sobre como se conformam, em uma sociedade, adesões, adaptações ou rejeições a práticas alimentares nela introduzidas.