Arquivos Brasileiros de Cardiologia (May 2007)
Efeitos cardiovasculares da anestesia local com vasoconstritor durante exodontia em coronariopatas Cardiovascular effects of local anesthesia with vasoconstrictor during dental extraction in coronary patients
Abstract
OBJETIVO: Avaliar a ocorrência de variáveis detectoras de isquemia miocárdica, durante ou após o tratamento odontológico, sob anestesia com vasoconstritor (adrenalina). MÉTODOS: Foram incluídos 54 pacientes coronariopatas submetidos a exodontia sob anestesia local com ou sem vasoconstritor, divididos em dois grupos (sorteio por envelope): grupo I, composto por 27 que receberam anestésico com vasoconstritor; e grupo II, composto por 27 que receberam anestésico sem vasoconstritor. Todos os pacientes foram submetidos a monitoração eletrocardiográfica com Holter por 24 horas, a Doppler-ecocardiografia realizada antes e após intervenção odontológica, e a dosagem dos marcadores bioquímicos antes e 24 horas após a exodontia (creatina cinase fração MB [CK-MB] massa, CK-MB atividade e troponina T). A freqüência cardíaca e a pressão arterial nas fases pré-anestesia, pós-anestesia e pós-exodontia também foram aferidas. A Doppler-ecocardiografia teve como objetivo avaliar a contratilidade segmentar do ventrículo esquerdo e a eventual ocorrência de insuficiência mitral. Em todos os casos foi mantido o protocolo farmacológico habitual prescrito pelo cardiologista. RESULTADOS: Três pacientes do grupo I apresentaram depressão do segmento ST (1,0 mm) durante a aplicação da anestesia, dois outros pacientes do mesmo grupo tiveram elevação da CK-MB massa, e em nenhum caso foi verificada presença de isquemia avaliada pelos demais métodos. Não houve registro, neste estudo, de precordialgia, arritmias e ocorrência ou agravamento de hipocontratilidade segmentar do ventrículo esquerdo ou insuficiência mitral. CONCLUSÃO: A exodontia praticada sob uso de anestesia com adrenalina 1:100.000 não implica riscos isquêmicos adicionais quando realizada com boa técnica anestésica e manutenção do tratamento farmacológico prescrito pelo cardiologista.OBJECTIVE: To evaluate the occurrence of variables detecting myocardial ischemia during or after dental treatment under anesthesia with vasoconstrictor (epinephrine). METHODS: A total of 54 coronary patients undergoing dental extraction under local anesthesia with or without vasoconstrictor were included. They were divided into two groups (by drawing envelopes): group I (27 patients) using anesthetics with vasoconstrictor, and group II (27 cases) without vasoconstrictor. 24-hour Holter monitoring, Doppler-echocardiogram before and after dental intervention, and determination of biochemical markers (CK-MB mass, CK-MB activity, and troponin T) before and 24 hours after dental extraction were performed in all patients. Heart rate and blood pressure were also measured in the pre, post-anesthesia and post-dental extraction phases. Doppler echocardiography assessed left ventricular segmental contractility and the occasional occurrence of mitral regurgitation. The usual pharmaceutical treatment prescribed by the cardiologist was maintained in all cases. RESULTS: Three patients in group I presented ST-segment depression (1.0 mm) during administration of anesthesia; two other patients in group I had CK-MB mass elevation, and ischemia was not observed in any other case, as assessed by the other methods. No chest pain, arrhythmias, occurrence or worsening of left ventricular segmental hypocontractility or mitral regurgitation were observed in the study. CONCLUSION: Dental extraction performed under anesthesia with 1:100,000 epinephrine does not imply additional ischemic risks, as long as performed with good anesthetic technique and maintenance of the pharmacological treatment prescribed by the cardiologist.
Keywords