Manuscrítica (Dec 2018)

Os arquivos do poeta Roberto Piva: entre o privado & o público

  • Leonardo David de Morais

Journal volume & issue
no. 35

Abstract

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Poucos anos antes de sua morte, o poeta brasileiro Roberto Piva cedeu parte de seu arquivo pessoal – que incluía livros, manuscritos, datiloscritos, cartas, bilhetes, fotografias, jornais etc. – ao Instituto Moreira Salles. Após alguns meses de organização e catalogação, esse acervo parcial foi disponibilizado para a consulta em uma das unidades da instituição, situada na cidade do Rio de Janeiro. Com essa atitude, pode-se entender que Piva concretizou – segundo reflexões do pesquisador Reinaldo Marques sobre os arquivos literários – movimentos de “desterritorialização” e “reterritorialização” desse corpus. Tal ato permitiu que elementos de seu arquivo pessoal pudessem ser acessados pelo público em geral, deslocando dessa maneira algo de seu patrimônio pessoal/intelectual, que se encontrava estritamente em dimensão privada, para uma esfera mais ampla, pública. Com a morte do poeta em julho de 2010, a outra parte do arquivo que ainda permanecia sob seu controle – administrado a partir de então por uma curadoria composta por amigos poetas/críticos do círculo íntimo do autor – começou a ter sua disponibilização arquitetada para viabilizar o acesso efetivo desse acervo a leitores e pesquisadores interessados. O projeto, que foi intitulado como Biblioteca Roberto Piva, a partir de então, captou recursos financeiros por meio de uma campanha de financiamento coletivo e permitiu, não sem sobressaltos, que os livros e demais elementos constituintes desse arquivo piviano pudessem ser mínima e satisfatoriamente acomodados. Sob as premissas “topológica” e “nomológica” – advindas das análises sobre a “economia do arquivo” engendradas pelo filósofo Jacques Derrida – este trabalho intenciona promover algumas reflexões que permitam colocar em uma perspectiva mais clara esse movimento ao qual o arquivo do poeta paulistano foi submetido.

Keywords