Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

LINFOMA NÃO-HODGKIN DIFUSO DE GRANDES CÉLULAS B DE OVÁRIO EM RECIDIVA DE LEUCEMIA LINFOCÍTICA AGUDA: UM RELATO DE CASO

  • IM Almeida,
  • CM Lucini,
  • LM Pinheiro,
  • MF Pereira,
  • LF Proença,
  • PHG Portal,
  • LFFV Neto,
  • LFP Gomes,
  • LCDS Costa,
  • JWO Romanov

Journal volume & issue
Vol. 46
p. S1101

Abstract

Read online

Objetivos: Este trabalho busca analisar um caso de Linfoma Difuso de Grandes Células B de ovário em uma paciente com recidiva de Leucemia Linfocítica Aguda (LLA) já tratada. Relato de caso: Paciente, feminina, 39 anos, nulípara, procurou atendimento hematológico devido recidiva de LLA, tratada há três anos, manifestando episódios de febre, sudorese noturna e fadiga. Apresentava pancitopenia e biópsia de medula óssea com proliferação blástica (76.5%). Simultaneamente, descobriu-se uma massa anexial à direita em uma ultrassonografia realizada após queixas de dor pélvica nos últimos dois meses. O exame ecográfico revelou que o ovário direito apresentava imagens sólidas hipoecogênicas, sendo que a maior delas media 1 cm, com vasos arteriais visíveis e índice de resistência vascular limítrofe para neovascularização. Diante da suspeita de malignidade ovariana, recomendou-se o esclarecimento da lesão ovariana antes do início do tratamento quimioterápico. Foi realizada a ooforectomia direita com análise intra-operatória por congelação, que identificou uma neoplasia maligna, sendo então ampliada para histerectomia total, salpingo-ooforectomia bilateral e omentectomia. O diagnóstico anatomopatológico definitivo apresentou o ovário direito e esquerdo, com 6,5 cm e 3 cm em seus maiores diâmetros, respectivamente, e o útero exibiu volume de 186 cm³. O exame histológico demonstrou linfoma difuso de grandes células B comprometendo ovários e tubas uterinas bilateralmente, além das camadas de miométrio e endométrio do útero. A avaliação imuno-histoquímica revelou positividade para os marcadores CD20, CD10, CMYC, MUM 1, Bcl 2, Bcl 6 e PAX5, com índice proliferativo pelo Ki-67 de 95%, perfil compatível com o diagnóstico histológico. No seguimento pós-operatório, foi indicada a complementação do tratamento com quimioterapia em esquema padronizado para recidivas de LLA (Fludarabina + Citarabina + Daunorrubicina), com plano de realizar transplante de medula óssea futuramente. Discussão: O Linfoma Difuso de Grandes Células B (DLBCL) é o tipo mais comum de linfoma não-Hodgkin, frequentemente afetando o trato gastrointestinal, enquanto a ocorrência em órgãos ginecológicos é muito rara. Neste caso, o DLBCL foi diagnosticado em ovários de uma paciente com recidiva de LLA, evidenciada por sintomas como febre, sudorese noturna, fadiga, pancitopenia e proliferação blástica na medula óssea. A massa anexial direita, sugestiva de malignidade, levou a uma ooforectomia, histerectomia total e salpingo-ooforectomia bilateral. O diagnóstico de DLBCL, com alta taxa de proliferação celular (Ki-67 de 95%), indica um comportamento agressivo da doença. O tratamento inclui quimioterapia com Fludarabina, Citarabina e Daunorrubicina, com consideração de transplante de medula óssea devido à localização múltipla do linfoma. A singularidade e os desafios associados a este caso enfatizam a necessidade de uma abordagem terapêutica abrangente para otimizar o desfecho clínico da paciente. Conclusão: Este relato de caso evidencia a rara manifestação de Linfoma Difuso de Grandes Células B nos ovários, em uma paciente com recidiva de LLA. O manejo clínico demandou uma abordagem cirúrgica extensa, seguida de um regime quimioterápico especializado e a potencial inclusão de transplante de medula óssea, considerando a localização multifocal da doença. A complexidade do caso ressalta a necessidade de uma estratégia multidisciplinar para otimizar o tratamento e o prognóstico da paciente.