Diacrítica (Jul 2024)
Política e ontologia da Figura no pensamento de Gilles Deleuze
Abstract
Este artigo ocupa-se do conceito de ‘Figura’ tal como Deleuze no-lo dá a pensar, sobretudo, nos ensaios Francis Bacon – Logique de la Sensation, Cinéma 1 – L’Image-mouvement e Cinéma 2 – L’Image-temps. Pretendemos defender a hipótese seguinte: a Figura deve compreender-se a partir de um conflito interior entre movimentos, modelos distintos. Por um lado, um desejo de conformidade ideal com um modelo discernível, estável; por outro lado, a deformação, a morte como modelo, morte múltipla, impessoal, sem relação necessária com um instante derradeiro, uma posição definitiva num quadro temporal a compreender em termos cronológicos, dizendo, distintamente, respeito a um elemento transformativo, vital, implicando uma possibilidade iterativa, ou de iteração, o eterno retorno da morte. Interessa-nos, em particular, acompanhar a repetição desta estrutura nos conceitos que a Figura solicita, que constituem a sua exo-consistência, como sejam os conceitos de ‘Imagem’, ‘corpo sem órgãos’, ‘Memória’, ‘perversão’ e ‘democracia’. Concluímos justamente sublinhando o alcance não apenas estético-artístico, mas, também, político da Figura, forçando-nos a repropor de novo e diferentemente a questão da democracia enquanto tarefa, devir-democrático, para além de qualquer espécie de forma-Estado que adequadamente a concretize.
Keywords