História: Debates e Tendências (Jan 2008)

Brasil, 1968: o assalto ao céu, a descida ao inferno

  • Mário José Maestri Filho

DOI
https://doi.org/10.5335/hdtv.8n.1.6869
Journal volume & issue
Vol. 8, no. 1
pp. 13 – 27

Abstract

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Em inícios de 1960, sucederam-se avanços e retrocessos das lutas sociais, com destaque para a vitória cubana e a derrota do nacional-populismo no Brasil, onde, muito logo, renasceu a oposição social à ditadura militar, impulsionada pelas medidas recessivas implementadas no contexto de tensa situação mundial, dominada pelas lutas pacifistas e antirracistas nos EUA e de libertação nacional na Palestina e Vietnã. No Brasil, em 1967 renascia a resistência operária e, em 1968, viveu se o apogeu das lutas estudantis, no Brasil e no mundo. Sob a pressão dos acontecimentos, surgiram no Brasil organizações revolucionárias, comumente influenciadas pelo foquismo. Sobretudo a juventude secundarista e a universitária empreendem vigorosas mobilizações no contexto de forte resistência cultural. A morte de Édison Luís de Lima Souto, em 28 de março de 1968, galvanizou a mobilização estudantil no país. Rio de Janeiro viveu a “Passeata dos Cem mil”. Entretanto, em Osasco, greve operária foi derrotada e o Congresso da UNE, de Ibiúna, reprimido. O refluxo da oposição começava a se impor no país, enquanto seguiam ações militares de vanguarda dissociadas da população. Em dezembro, foi decretado o ato institucional no 5. O refluxo do apoio à resistência era determinado pela expansão econômica transitória, que neutralizou as classes médias e setores operários mais atrasados. Isolada, sem conseguir levantar programa de lutas factível, a resistência foi reprimida, dispersa, derrotada. A ditadura manteve-se até 1985, quando abandonou o poder, sob os golpes do renascimento de ação popular e operária, mas que não materializou democratização social e política de fato.

Keywords