Antíteses (Sep 2023)

Revolução a partir das margens

  • Thiago Prates

DOI
https://doi.org/10.5433/1984-3356.2023v16n31p215-250
Journal volume & issue
Vol. 16, no. 31

Abstract

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Este artigo explora as narrativas sobre a República Popular da China produzidas por intelectuais da Nova Esquerda uruguaia ao longo das décadas de 1950 e 1960. A Revolução Chinesa criou um interesse pelo país na América Latina e iniciou um período de intenso intercâmbio de ideias, publicações e indivíduos, especialmente àqueles provenientes das esquerdas. Entretanto, a historiografia da Guerra Fria latino-americana focou no impacto da Revolução Cubana na formação da Nova Esquerda na região e, até o momento, diminuiu o papel das experiências na Ásia e África nesse processo. Este artigo inclui a China nos debates uruguaios e argumenta que a crise enfrentada pelo país ao longo dos anos estudados permitiu às esquerdas vislumbrar o país asiático como uma possível fonte de inspiração para a profunda transformação eu desejavam. Ademais, a crise internacional no comunismo causada pelo Ruptura Sino-Soviética abriu a possibilidade de perceber a China como uma experiência distinta da União Soviética. Isso levou a uma ambígua relação com o processo chinês marcada por fatores internos e externos, tornando complexo o processo de aproximação discursiva e ideológica entre Uruguai e China. Entretanto, este acercamento foi possível porque as esquerdas interpretaram a Revolução Chinesa a partir de categorias bastante disseminadas, como anti-imperialismo, (sub)desenvolvimento e Terceira Posição/Terceiro Mundo.

Keywords