Arquivos Brasileiros de Cardiologia (Mar 2004)
Infecção de prótese vascular em cirurgia da aorta torácica: revisão da experiência e relato de caso tratado por técnica não convencional Vascular prosthesis infection in thoracic aorta surgery: review of the experience and a case report illustrating treatment with an unconventional technique
Abstract
Relatamos o caso de uma paciente de 37 anos de idade, que há cinco anos havia sido submetida à operação de Bental-de Bono em nosso serviço e retornou com dor de forte intensidade no toráx, sendo diagnosticada dissecção aguda de aorta do tipo III e tratada clinicamente. Um ano após esse episódio houve expansão dessa dissecção e a paciente foi submetida à cirurgia com interposição de prótese de dacron em aorta descendente. No pós-operatório imediato houve broncopneumonia esquerda e a paciente recebeu alta em boas condições e afebril. Após um mês da alta, retornou com febre e toxemia. Com diagnóstico de empiema pleural, foi submetida à toracotomia exploradora que não confirmou esse diagnóstico, havendo apenas intenso espessamento pleural. Quatro meses após a toracotomia exploradora, foram isolados Klebsiella pneumoniae e Enterobacter sp na hemocultura. A ressonância magnética revelou imagens compatíveis com infecção peri-prótese. Com esse quadro clínico e laboratorial foi indicada a remoção do enxerto e derivação axilo-bifemoral. A operação foi realizada com sucesso, a paciente recebeu alta em boas condições e continua fazendo controle ambulatorial e, atualmente, encontra-se com 57 meses de evolução sem complicações. São discutidos os métodos empregados para o diagnóstico e tratamento da infecção de prótese na cirurgia da aorta torácica.We report the case of a 37-year-old-female patient who had undergone a Bentall procedure at our service and returned with intense chest pain and acute aortic dissection type III, which was diagnosed and clinically treated. One year after this episode, this dissection expanded, and the patient underwent surgery with interposition of a Dacron graft in the descending aorta. In the immediate postoperative period, the patient experienced left bronchopneumonia and was discharged afebrile and in good condition. One month after discharge, she returned with fever and toxemia. Pleural empyema was diagnosed, and she underwent an exploratory thoracotomy that did not confirm this diagnosis, but revealed intense effusion thickening. Four months after the exploratory thoracotomy, Klebsiella pneumoniae and Enterobacter sp were isolated in a blood culture. Magnetic resonance imaging revealed shapes compatible with perigraft infection. With this clinical and laboratory picture, graft removal was indicated as was axillo-bifemoral grafting. Surgery was successfully performed, the patient was discharged in good condition, and remains well after a 57-month follow-up without complications. The methods used for diagnosis and treatment of prosthesis infection in thoracic aorta surgery are discussed.