Kairós Gerontologia (Feb 2010)

DEPRESSÃO E ENVELHECIMENTO NA CONTEMPORANEIDADE

  • Delia Catullo Goldfarb,
  • Natália Alves Barbieri,
  • Maria Elvira M. Gotter,
  • Maíra Humberto Peixeiro

Journal volume & issue
Vol. 12, no. 0

Abstract

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RESUMO: O presente texto reproduz os trabalhos apresentados em mesa redonda sobre depressão e envelhecimento na contemporaneidade no III Congresso Ibero-americano de Psicogerontologia, realizado em novembro de 2010 em São Paulo. Estes trabalhos são resultado de reflexões precedentes em um grupo de estudos e de discussão de casos clínicos composto por psicanalistas. A depressão é uma figura psicopatológica de presença maciça nos dias de hoje. Na velhice o acúmulo de perdas e a aproximação da morte podem produzir um estado de tristeza, fundo depressivo que caracteriza um momento de recolhimento em que ocorrem os processos de luto. Em alguns sujeitos o que se verifica é a instalação de um episódio depressivo que indica a paralisação destes processos elaborativos e a progressão de um esvaziamento do sentido para a vida, restando, neste contexto, apenas a espera pela morte. Neste trabalho serão discutidos aspectos que concernem a vivência destas duas modalidades de enfrentamento da entrada na velhice, levando-se em conta as maneiras como a cultura pode favorecer a ocorrência destes percursos distintos do envelhecer, e como ela os aloja atualmente em um movimento de desconsideração da subjetividade: desanimo da velhice ou problema neuroquímico? Serão apresentadas hipóteses para a produção da depressão como psicopatologia no envelhecimento e reflexões sobre observações clínicas que derivam destes quadros clínicos, tais como: a crise da percepção da entrada na velhice, o corpo hipocondríaco, a paralisia do tempo, a vivência do desamparo. Palavras-chave: depressão, envelhecimento, cultura, corpo, tempo