Cidadania e modernidade: emergência da questão social na agenda pública
Abstract
A inclusão da chamada questão social na agenda pública desde a modernidade até seus desdobramentos mais atuais constituiu-se no fio condutor do artigo. Procurou-se mostrar que um dos sentidos da modernidade é exatamente a inversão radical entre o significado do público e do privado, ensejando o alargamento do espaço público. A modernidade, longe de estar associada a um determinado modelo capitalista-burguês, projeta-se como uma reinvenção dos direitos, da cidadania e da experiência democrática contemporânea. Nessa trajetória, o processo de individualização foi visto como fator crucial para a compreensão da ideologia das sociedades modernas e, paradoxalmente, da própria emergência das ciências sociais. A concepção individualista, enfatizando a especificidade da representação moderna do social, isto é, sua característica de sociedade auto-instituinte, permite a compreensão ampliada do domínio público. Nesse sentido, a polarização ideológica entre as concepções liberal (favorável ao individualismo) e marxista (vinculada às representações holísticas do social), deve ser revista, inclusive, porque repercute no próprio instrumental analítico das ciências sociais.