Revista Eco-Pós (Jul 2018)
A recepção do Maio francês no Chile: repercussões de uma atmosfera revolucionária estudantil global
Abstract
O ano de 1968 marcou um ponto de inflexão no mundo ocidental por causa de uma série de acontecimentos críticos que consolidara o que podia denominar-se como autoconsciência da era global. Esta subjetivação da condição global da sociedade ocidental irrompeu com força por meio de fenômenos que remontam a anos anteriores; entretanto, foi em 1968, quando tanto a frequência quanto a envergadura de acontecimentos de âmbito mundial criaram uma verdadeira atmosfera revolucionária. Entre eles, os conflitos estudantis ao redor do mundo assumiram um papel importante como catalisadores de uma consciência global de transformação, cujo ápice teve lugar durante os meses de maio e junho em Paris, quando as notícias das revoltas dos estudantes da Sorbonne chegaram às principais capitais do mundo, gerando uma vasta discussão intelectual sobre o alcance dessas manifestações e os efeitos das mesmas nos diversos âmbitos locais. No caso do Chile, sua recepção foi muito importante em diversos âmbitos do campo intelectual nacional, desde a ala mais conservadora até à esquerda, que apenderam as lições dos eventos parisienses, seja para analisar, criticar ou legitimar as manifestações nas universidades chilenas e o processo de reforma universitária que havia começado alguns anos antes.