Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

RASTREIO DOS EMPECILHOS À DOAÇÃO DE SANGUE PELO CORPO DISCENTE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

  • AG Bruno,
  • MAG Castro,
  • MPC Cibreiros,
  • MS Marçal,
  • BR Oliveira,
  • CA Pinto,
  • TA Barros

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S950 – S951

Abstract

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Objetivos: Identificar as causas que levaram estudantes e residentes de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) a não doarem sangue no último ano. Materiais e métodos: Foi disponibilizado, via WhatsApp, um formulário anônimo aos estudantes e residentes de Medicina da UFRJ. O período de coleta de dados foi de 12 a 21 de julho de 2023. No formulário era questionado ao indivíduo se havia doado sangue no último ano e, em seguida, justificava a opção marcada, através de itens pré-estabelecidos, incluindo um com resposta aberta. Os dados foram então compilados e analisados. Resultados: Receberam o questionário 1496 alunos, sendo 1200 graduandos e 296 residentes. Foram registradas 248 (16,6%) respostas. Dos 83 (33,5%) que responderam positivamente, a maioria (79,5%) doou por livre e espontânea vontade. Dentre os não doadores (66,5%), a grande parcela foi de inaptos a doar, totalizando 77,6% dos não doadores e 51,6% do total de entrevistados. Discussão: Os resultados do estudo apontam que a doação de sangue pelos participantes (33,5%) superou a encontrada na população geral, o que pode ser fruto de viés pelo desenho utilizado. Porém, estudo similar conduzido na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto obteve resultados muito parecidos com o nosso, com 32,6% de respostas positivas. Embora o dado pareça animador, por trabalharmos com uma população atuante na saúde pública, a baixa taxa de respostas ao formulário (16,6%) e o fato de quase dois terços dos que responderam não terem realizado doação no último ano demonstram a falta de interesse pelo tema e apontam para a possibilidade de números reais ainda mais preocupantes, levando em conta os não respondedores da pesquisa. Ademais, o número de pessoas que se classificam como inaptos (51,6%) revelou-se muito maior do que o encontrado em pesquisas anteriores, que variavam entre 3,2% e 14,4%. Isso pode estar relacionado a vieses criados pelos diferentes desenhos dos estudos, mas pode também ser resultado do desconhecimento dos atuais critérios para a doação, sinalizando a necessidade de maior divulgação desses, uma vez que o conhecimento sobre o processo é considerado fator determinante na decisão de doar sangue, como evidenciado por Zucoloto et al. Ao encontro do exposto acima, o combate à desinformação pode reduzir outro empecilho encontrado na pesquisa: o medo de doar, já que pesquisa de Zito et al. Com 3.050 adolescentes da Lombardia sobre motivos da não doação de sangue pelo grupo obteve “medo de passar mal/agulha/pegar uma doença” como a resposta preponderante, reforçando a importância de ações educativas a respeito da doação. Conclusão: O baixo percentual de respondedores pode demonstrar a falta de interesse, mesmo entre discentes de Medicina, sobre o tema doação de sangue. Dentre os que responderam, apenas cerca de um terço realizou uma ou mais doações no último ano. A maior divulgação sobre a importância e os critérios relacionados à doação de sangue são fundamentais para o incremento de candidatos à doação. Estudos como esse são importantes para compreendermos os reais motivos que impedem a ida dos candidatos aos hemonúcleos e permitem que, a partir dos dados coletados, estabeleçamos políticas públicas assertivas com atuação mais pontual e utilizando informações claras e úteis, capazes de trazer a captação desejada aos estoques de hemocomponentes.