Revista de Estudos Literários da UEMS - REVELL (Aug 2024)
A metáfora da mulher emparedada
Abstract
Embora Edgar Allan Poe e Charlotte Perkins Gilman tenham sido discutidos comparativamente, a maioria dos estudos focou mais em suas diferenças do que em suas semelhanças. Muitos estudos focam apenas na escrita feminista de Gilman (1892) ou na loucura de Poe (1843). A maior proximidade já feita dessas duas obras se deu quando Băniceru (2015) discutiu suas similaridades através da domesticidade do gótico. Por isso, o objetivo deste trabalho é analisar um outro tipo de proximidade entre as obras, a partir de uma metáfora que paira sobre os enredos de ambos os contos: a mulher emparedada. Ela aproxima os contos na representação da violência física e psicológica que as mulheres sofreram ao longo do século XIX e ainda sofrem. Para tanto, a análise foi feita através de uma revisão bibliográfica, a partir de um panorama dos contos e de seus autores, bem como das perspectivas críticas da psicanálise e do feminismo para tratar da literatura gótica. Em seguida, foram explorados aspectos da violência doméstica partindo do ponto principal, que são as mulheres presas nas paredes e, por fim, como a liberdade dessas mulheres é representada. As obras de Poe e Gilman não apenas refletem as ansiedades sociais de suas épocas, mas também permanecem relevantes na discussão contemporânea sobre a saúde mental, a violência de gênero e a luta pela liberdade. A literatura gótica, com suas camadas de significado e simbolismo, continua a ser um campo fértil para a exploração das complexidades da condição humana, especialmente no que diz respeito às experiências das mulheres.