Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)

EP-237 - MENINGITE POR HISTOPLASMA COMO PRIMEIRA MANIFESTAÇÃO CLÍNICA DE HISTOPLASMOSE DISSEMINADA EM PACIENTE IMUNOCOMPETENTE.

  • Francelina da Costa,
  • Marcela de Faria Ferreira,
  • Vasco João Mendes,
  • Mauricio Petroli,
  • Rayner I. Goulart Oliveira,
  • António João Guio,
  • Pedro G.D.L. Pereira,
  • Emanuel Gomes Dos Santos,
  • Pedro H.N. Theodoro,
  • Thiago A. Lisboa Netto

Journal volume & issue
Vol. 28
p. 104149

Abstract

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Introdução: A histoplasmose é uma micose sistêmica endêmica adquirida pelo trato respiratório. Pode causar doença localizada pulmonar ou se disseminar via hematogênica, raramente acometendo o Sistema Nervoso Central (SNC). Objetivo: Relato de um caso raro. Método: Revisão de prontuário, discussão com equipe medica e revisão bibliográfica. Resultados: : Descrevemos um caso atípico de uma paciente feminina, 28 anos, natural do Rio de Janeiro/Brasil, previamente hígida, com início subagudo de cefaléia, fotofobia, náuseas, vômito, febre e diarréia, há um mês após viagem para Europa. Foi hospitalizada para investigação e submetida a TC de crânio, sem alterações e TC de tórax, com micronódulos centrolobulares, árvore em brotamento e nódulo com densidade de partes moles com vidro fosco ao redor na base direita. Análise do líquor (LCR) com padrão inflamatório, 345 células/mm³ (97% mononucleares), proteínas 64 mg/dL e glicose 49 mg/dL. Exames específicos no LCR, incluindo VDRL, teste molecular para Mycobacterium tuberculosis, cultura para micobactérias, cultura e exame direto para fungos, PCR multiplex para vírus do grupo herpes, bem como sorologias para Dengue, Zika, Chikungunya, Rickettsia spp, vírus Oropouche, Coxiella spp, vírus Mayaro, encefalite de Saint-Louis e Febre do Oeste do Nilo foram negativas. A imunodifusão dupla para histoplasmose no soro foi reagente, porém, o antígeno urinário foi negativo, levando à hipótese de contato prévio com este agente, sem doença ativa por este fungo. Foi iniciado empiricamente tratamento para meningite tuberculosa com rifampicina, isoniazida, pirazinamida, etambutol e dexametasona, pelo padrão do LCR e das lesões pulmonares sugestivas de micobacteriose. A paciente teve melhora temporária parcial, mas piorou após o desmame do corticóide. Foi levantada hipótese de histoplasmose de SNC e realizada sorologia pela técnica de Western Blot e nested-PCR para Histoplasma capsulatum no líquor, com resultados reagentes. Foi tratada com anfotericina B lipossomal por 6 semanas e depois mantida com itraconazol 400 mg/dia, com melhora total dos sintomas. Conclusão: Este caso destaca a importância de incluir a histoplasmose no diagnóstico diferencial de lesões nodulares pulmonares e manifestações neurológicas, especialmente em regiões onde a doença é prevalente. O diagnóstico tardio enfatiza os desafios na distinção entre histoplasmose e outras patologias com manifestações clínicas e radiográficas semelhantes, como a tuberculose, mesmo em pacientes sem comprometimento imunológico evidente.