REME: Revista Mineira de Enfermagem (Nov 2020)
CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA DO ENFERMEIRO DIANTE DO PROCESSO DE DISTRESSE MORAL EM UM CENTRO DE TERAPIA INTENSIVA*
Abstract
RESUMO Objetivo: compreender a construção identitária do enfermeiro diante do processo de distresse moral, na perspectiva de enfermeiros intensivistas. Métodos: estudo qualitativo, descritivo, interpretativo e analítico, desenvolvido em 2016 em um centro de terapia intensiva de um hospital universitário. Participaram da pesquisa 12 enfermeiros do turno diurno. A coleta de dados se deu por meio de entrevistas orientadas por roteiro semiestruturado e os dados foram submetidos à análise temática de conteúdo. Resultados: na perspectiva dos enfermeiros, a relação entre a configuração identitária e o distresse moral se deu mediante vivências de situações no cotidiano do trabalho no CTI que os impedem de exercer a prática conforme acreditam ser o modo correto, tais como: o modelo assistencial de organização do trabalho; o desenvolvimento de atividades técnico-assistenciais em detrimento da gestão do cuidado; o trabalho mais mecânico do que intelectual; o não pertencimento à equipe de saúde; e aspectos organizacionais como as escalas de trabalho intensas, o relacionamento com a coordenação e as dificuldades em implantação de melhorias no processo de trabalho. Considerações Finais: concluiu-se que o trabalho do enfermeiro é permeado por vivências de problemas morais que influenciam na construção identitária e no seu compromisso ético em prestar o cuidado que julga ser o adequado ao paciente crítico. Isso porque a identidade constrói-se a partir da percepção de si e do seu trabalho e é influenciada pelos relacionamentos interpessoais, pela organização do trabalho e suas vivências no cotidiano.
Keywords